O ano era 2001, e Steven Spielberg lançou o filme Inteligência Artificial, a partir de um projeto de Stanley Kubrick, baseado no conto de Brian Aldiss, chamado Supertoys Last All Summer Long. O filme trata sobre um casal que adota uma criança androide que desenvolve sentimentos humanos… uma bela história.
Tudo parecia apenas a magia do cinema…
O mundo andou, muitas coisas aconteceram, ainda não existe nenhum robô humano entre nós, mas já vivemos uma realidade, que nos mostra que nem tudo o que o cinema prevê é incapaz de acontecer.
Do muito que se falou sobre o Metaverso, ainda não chegamos, se você pensar em inteligência artificial, mas já demos muitos passos.
Recentemente, os avatares de redes sociais foram transformados pelo padrão criado pelo aplicativo Lensa. Apesar das discussões sobre o que pode ou não ser feito a partir da entrega de fotos dos usuários ao APP, é possível perceber um grande indício de como a Inteligência Artificial será tendência no próximo ano.
Cada vez mais empresas utilizam o IA em seu dia a dia. Mas como isso irá impactar em nossa vida? Através da IA, os dispositivos tecnológicos se tornam mais eficientes e atendem melhor às necessidades dos usuários, pois podem oferecer sistemas autônomos que aprendem com o seu uso, qualificando sua entrega e tornando as indústrias mais eficazes em processos.
Não apenas elas, mas as pessoas já podem recorrer a textos escritos por sites com inteligência artificial. Podemos notar ao lê-los uma certa falta de alma, elemento que somente os escritores são capazes de atribuir. Há quem acredite que isso possa ser resolvido em breve.
Claro que há promessas de redações e TCCs, ao mesmo tempo que parece inovador, pode também ser assustador, pois estaríamos abrindo mão da qualificação de nossos estudantes, já que não podemos negar que o processo de escrita é sem dúvida uma importante etapa de aprendizado.
Nossa realidade hoje requer que tenhamos uma conversa mais profunda sobre inteligência artificial, que está cada dia mais presente em nossas atividades.
A eficiência da IA se dá pelo uso de dados, algoritmos e machine learning (aprendizado de máquina), recurso que irá facilitar a utilização de veículos autônomos, diagnósticos de saúde com mais agilidade e eficiência, negociações financeiras, bots de serviços aos clientes, detecção de fraudes e mais uma infinidade de aplicações, buscando garantir maior agilidade, precisão e a tão sonhada ação à prova de erros. Por isso, cuidado quando disser “errar é humano”, já que a Inteligência Artificial garante não errar.
É de suma importância no momento, que estejamos atentos que essa propaganda da incapacidade de errar da IA não é verdadeira. Um estudo da Rede de Observatório de Segurança mostrou que prisões feitas por meio de reconhecimento facial indicaram que 9,5% são pessoas brancas e 90,5% negras e, neste caso, muitos não tiveram nenhum tipo de passagem pela polícia e não sabiam como passaram a integrar o banco de dados de criminosos. Temos uma tecnologia excelente nas mãos, mas ainda estamos evoluindo como cidadãos, vivemos em uma sociedade com racismo estrutural e com o acirramento ideológico. Somos mais propensos a erros substanciais, influenciados por essas questões. Logo, estamos mesmo prontos para entregar a tomada de decisão a uma inteligência artificial?
Ricardo Gomes é Head de Comunicação do Pacto Alegre