Costumo dizer que Copa do Mundo é aquele período que ocorre a cada quatro anos que faz com que quem GOSTA de futebol não tenha o que fazer. Futebol é time. E seleção não é time. É qualquer outra coisa. Mas como 2022 é ano de Copa, aí vão minhas lembranças:
1970: Três anos. Não me lembro de nada. Estava mais interessado em “BR-3”, com Toni Tornado, minha primeira paixão musical.
1974: Lembro um pouco mais. Mas o que mais me chamava a atenção é que meu pai estava lá, a trabalho, e havia prometido me trazer muitos brinquedos. Minha mãe foi se encontrar com ele e ajudou a cumprir promessa. Até um tênis adidas alemão eu ganhei.
1978: A minha grande Copa, a minha maior madeleine futebolística. Com onze anos, eu jogava futebol todos os dias e imaginava que oito anos depois eu estaria na Copa – como jogador, claro. Até hoje sei escalações completas, da Hungria, por exemplo. Já li uns quatro livros sobre esta Copa e até perdoei os peruanos (foto da capa).
1982: Não gostava do Telê (havia sido técnico do Grêmio) e não levava fé na seleção (eu e o João Saldanha). Aliás, toda essa exaltação com aquele time foi posterior – na época era muito criticada, principalmente pela falta de pontas. Mas tinha Falcão em sua primeira Copa e fazendo aquele golaço.
1986: Como vocês sabem acabei não sendo convocado, numa das maiores injustiças da história das Copas. Me vinguei dando ao Mundial do México o que ele merecia: meu desprezo.
1990: Perto de me formar e já desiludido com a carreira futebolística pensava agora em revolucionar o jazz. Coltrane era (e ainda é) maior do que Maradona.
1994: Foi meu “annus merdabilis”, mas que me deu a segunda Copa que mais vibrei na vida – e meu primeiro título. E que Copa repleta de lances bonitos: Maradona, Romário, Dunga, Redondo, Stoichkov, Hagi, nigerianos, colombianos, americanos…
1998: Passou em branco. Talvez pela minha implicância com a França.
2002: Outra das minhas Copas preferidas. Noitadas com Cássia Zanon e um casal de amigos, quando todos morávamos em São Paulo.
2006: Passou em branco. Tive que fazer um esforço agora para lembrar quem ganhou.
2010: Outra Copa pouco lembrada. Aliás, as copas não vêm fazendo grande esforço para serem lembradas por mim.
2014: O melhor da Copa foi o Beira-Rio, o estádio do meu time fazendo bonito. Não fui a nenhum jogo nem me abalei com o 7 X 1.
2018: A Copa da Lina. Ela e suas figurinhas. Já entrou para a minha história.
2022: vamos ver o que o resultado vai dizer. Acredito que dá para ser campeão.