O River Plate, que vai enfrentar o Internacional na próxima fase da Libertadores, dias primeiro e 8 de agosto, conquistou antecipadamente o Campeonato Argentino. No sábado, venceu o Estudiantes por 3 x 1 e promoveu uma festa enorme em Buenos Aires. Eu estava no estádio Monumental de Nuñez e compartilho com vocês aprendizados e avaliações.
O primeiro deles: a segurança. Mesmo com 90 mil torcedores não observei movimento algum que pudesse significar preocupação. E eu estava acompanhando de esposa e dois filhos. Ou seja, mesmo uma família de estrangeiros não tem com o que se preocupar. O principal motivo me parece óbvio. Torcida única no estádio. A regra vale para todos clubes de Buenos Aires. No restante do país há leis específicas e esta praxe não é seguida. A Argentina tem outra peculiaridade: há torneios que são disputados em estádios neutros. E isso significa contar com a torcida dos dois times que se enfrentam. Uma regra curiosa e, ao mesmo tempo, interessante.
Os veículos que chegam ao estádio, individuais ou coletivos, ficam estacionados longe – cerca de seis ou sete quadras. E no caminho você vai passando por barreiras de seguranças que pedem ingresso, documentos, e revistam os torcedores e seus pertences. São três barreiras de policiais e/ou seguranças até uma última quando definitivamente o ingresso libera a roleta. Um ambiente de festa, tranquilo, sem sustos.
Maior estádio da América do Sul com capacidade para 86 mil espectadores, o recém-reformado Monumental de Nuñez tem lá seu problemas. Os espaços entre as cadeiras são apertados e há filas gigantes para acesso aos banheiros. As lanchonetes são fracas e com poucas opções. Mas o que compensa é a festa. Os argentinos cantam o tempo inteiro. Um espetáculo capaz de motivar o mais gelado dos atletas. E então conseguimos entender porque um time argentino limitado muitas vezes chega em finais de torneios sul-americanos. Os times são contagiados por arquibancadas de impressionante agitação e incentivo. E quando o time de fora inventa de marcar um gol… aí sim que a torcida reage e tenta impulsionar seus jogadores.
Os argentinos, cheios de problemas no País, com inflação absurda acima de 110% ao ano, com um governo desacreditado e com fama de corrupto, ainda podem nos ensinar. E quando o assunto é torcer no futebol eles nos dão um banho. Lembram o que promoveram na Copa do Mundo? Embora lá estivessem motivados pelo amor à seleção e também por incentivos financeiros que a federação (AFA) deu a cada um daqueles torcedores. Sim, a Argentina ainda tem muito a ensinar. Mas também muito a corrigir. Especialmente no que se refere a saber suas reais prioridades.