Brasília, primeiro de janeiro de 2023. Sobem a rampa do Palácio do Planalto, junto com o presidente Lula e a primeira-dama Janja, entre outres, um menino negro, um metalúrgico, o Cacique Raoni e Ivan Baron, ativista dos direitos das pessoas com deficiência e LGBTQIA+. A faixa presidencial é colocada por uma mulher negra: Aline de Sousa, catadora de materiais recicláveis, presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF e Entorno (Centcoop-DF).
Porto Alegre, primeiro de janeiro de 2023. O governador reeleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, chega à cerimônia de posse acompanhado de seu namorado Thalis Bolzan. Em seu discurso de posse, cita e agradece o companheiro. Em entrevista, diz que a sociedade perde quando pessoas têm que viver “pela metade”, escondendo sua orientação sexual. Antes, havia declarado que a base de tudo é a família. Sim, em 2023, as famílias são múltiplas e diversas.
Nas colunas da SLER, muito tem se falado da “palavra de 2023”. Léo Gerchmann escolheu a palavra “cautela”, já que a covid não dá sossego para ninguém. “Profundidade” foi a escolha de Luciano Assis Mattuella, em coluna em que revela seu desejo por menos superficialidade em seu cotidiano. “Esperançar: o meu verbo para o novo ano”, foi o título da coluna de Marlise Viegas Brenol, em que decreta: esperançar é preciso!
A imagem da posse de Lula mostrou que a palavra de ordem de 2023 é “diversidade”. A ideia também pulsa na foto do novo Ministério – com mais mulheres, com negros e negras, indígenas, todos e todas com belas trajetórias, vindos de todas as regiões do Brasil.
Ali estavam representadas as chamadas minorias. Aquelas mesmas que o presidente anterior dizia que tinham de “se sujeitar à maioria”. Quando usamos esse termo, não estamos falando em números, mas em dificuldades de acesso ao trabalho, educação e exercício de seus direitos. Estamos nos referindo, também, às dificuldades de acesso ao poder, às mesas onde são tomadas as decisões que influenciam no meu e no seu cotidiano. Aliás, tema de coluna que escrevi no último dezembro.
O tema já está presente nas colunas e colunistas da SLER, onde aprendi muito e será institucionalizada, nesse novo governo, em assessorias de diversidade e inclusão presentes nos ministérios responsáveis pela promoção da diversidade nos órgãos públicos com iniciativas relacionadas à igualdade de gênero, étnica e racial.
Tive o prazer de escrever, junto com Aline Calvo Hernandez, sobre “diversidade” no Glossário de Verbetes em Ambiente e Sustentabilidade, publicado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
Nele, lembramos:
(…) os seres humanos são diferentes entre si. Vivem, pensam e amam de maneira diversa. Possuem corpos que têm características particulares e se relacionam entre si de diferentes formas, em grupos e sociedades constituídos de infinitas maneiras. Possuem diferenças de gênero, religião, orientação sexual, étnica, cultural, entre outras.
A diversidade humana, conforme definimos para fins didáticos (…), é o conjunto de variações existentes entre as pessoas e suas diferentes formas de ser e estar no mundo e de interagir.
Como disse o presidente em sua fala ao Congresso Nacional: “A alma do Brasil reside na diversidade inigualável da nossa gente e das nossas manifestações culturais.” É hora de celebrar as diferenças. Os seres humanos vivem de diferentes formas que não podem ser julgadas pela régua estreita da dita normalidade.
Em 2023, VIVA a diversidade!