Nas últimas semanas o Rio Grande do Sul foi atingido por um volume de chuvas e tempestades fora do normal que causaram uma série de enchentes devastadoras, deixando comunidades inteiras da região do Vale do Taquari em estado de emergência e calamidade pública, com uma dezena de mortos e desaparecidos e centenas de desabrigados.
Enquanto as enchentes foram um desastre natural incontrolável, embora, com as tecnologias de hoje podem ser previsíveis, o que se tornou evidente nos primeiros dias, principalmente baseado em relatos da mídia, o pós o evento revelou que o processo de auxílio às vítimas poderia ter sido feito de forma mais eficaz se as autoridades tivessem agido com mais agilidade e usado a Gestão de Crise de forma efetiva e imediata.
Tenho escutado de pessoas que trabalham como voluntários sobre como essa situação demonstrou a importância e a necessidade crucial do papel de profissionais com capacitação em administração e gestão em situações de calamidades públicas, destacando a relevância desta discussão, especialmente considerando a falta de formação de especialistas ou até mesmo cadeiras nas escolas de Administração para capacitar profissionais com conhecimento destes temas, em dias que cada vez mais temos tidos situações climáticas que até alguns anos atrás não eram normais e com a frequência que tem acontecido.
Em 9 de setembro, foi celebrado o Dia do Administrador, profissão que cresce a cada dia no Brasil com a formação de novos profissionais.
Os administradores e os gestores são profissionais treinados e capacitados para lidar com uma variedade de desafios organizacionais, incluindo o gerenciamento de crises e situações de emergência. Seus conhecimentos em planejamento estratégico, gerenciamento de recursos, logística e gestão de processos são fundamentais em momentos como os que enfrentamos durante e após enchentes. Por isso, acredito que com a colaboração de mais administradores devidamente preparados teríamos um impacto significativo na resposta inicial à crise no Vale do Taquari.
Uma das principais questões que surgiram foi a necessidade, comentada por toda a mídia nos últimos dias, de uma coordenação mais eficaz na distribuição de recursos, doações e até mesmo a gestão dos muitos voluntários que se disponibilizaram a ajudar as vítimas das chuvas. Nos primeiros dias após as enchentes, inúmeras pessoas e organizações se mobilizaram para enviar suprimentos e ajuda às áreas afetadas. Porém, por motivos que até então desconhecemos, e muito comentados pela imprensa, faltou gestão para direcionar e canalizar todos os recursos materiais e humanos. Isso levou a uma incerteza da população sobre recursos e possíveis atrasos na entrega de ajuda àqueles que mais precisavam, e até mesmo, perda de doações alimentícias por questão de sua vida curta de duração.
Os administradores e os gestores poderiam ter desempenhado um papel fundamental na coordenação das operações de socorro. Estabelecendo junto aos centros de operações de emergência criados, identificando as necessidades mais urgentes e coordenando a distribuição eficiente de recursos. Além disso, sua experiência em gerenciamento de logística e abastecimento poderia garantir que as doações chegassem às áreas certas no momento certo.
O Dia do Administrador foi uma oportunidade ideal para refletir sobre a importância desses profissionais. Enquanto celebramos suas contribuições em contextos mais estáveis, devemos lembrar que a sua presença e liderança são igualmente cruciais em tempos de crise. A gestão adequada dos recursos e a coordenação eficaz das operações de resposta a desastres podem salvar vidas e minimizar os danos causados por eventos como as enchentes no Vale do Taquari.
Os Administradores estão habilitados para apoio de diversas áreas, como RH, Marketing, Comunicação, Logística, Finanças, tanto trabalhando nas linhas de frente como na retaguarda. Observo que faltou mais comunicação de como poder ser um voluntário, onde ir? Qual a capacitação necessária? Onde se apresentar, etc., etc. Conheço várias pessoas que gostariam de estar presentes nas áreas afetadas mas não sabem como agir.
Para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro, é fundamental investir na capacitação e treinamento gestores para atuarem em emergências e respostas rápidas a desastres. Eles devem ser integrados às equipes de resposta a crises e ter um papel central no planejamento e execução de estratégias de recuperação pós-desastre.
Portanto, as enchentes que atingiram o Vale do Taquari no Rio Grande do Sul ressaltaram a importância crítica dos administradores e gestores em situações de crise.
Neste mês do Administrador, é preciso reconhecer e valorizar a contribuição fundamental que essa categoria de profissionais pode oferecer para a sociedade, especialmente quando enfrentamos desafios inesperados e difíceis como os desastres naturais. É hora de investir em treinamento e capacitação adequados para garantir que todos nós estejamos prontos para liderar em momentos de crise.
Vale a reflexão!
Foto da Capa: Camila Domingues / Palácio Piratini