Há quase três décadas, bem antes de você ouvir falar nas “blue zones” e quando o termo longevidade não despertava o mesmo interesse como hoje, os pesquisadores e geriatras Dr. Emilio Hideyuki Moriguchi e a Dra. Elizabete Michelon, resolveram investigar as causas da grande quantidade de longevos no município de Veranópolis/RS. Iniciou aí a mais importante e longa pesquisa sobre longevidade no Brasil. Ela ainda está em curso e já são 28 anos de estudos. Vivendo o dia a dia dos longevos, comendo a mesma comida, bebendo a mesma água e degustando moderadamente do mesmo vinho. Tudo catalogado, medido, com análises bromatológicas das características e componentes das dietas diárias de cada participante. Tudo foi observado. As descobertas são aparentemente muito simples e óbvias, porém a vida moderna transforma hábitos e atitudes simples em grandes desafios e este é o desafio para cada pessoa: encontrar o seu ritmo e a sua Trilha da Longevidade.
O Terra da Longevidade e o Instituto Moriguchi começaram a transformar os 28 anos da pesquisa que desvendou os segredos da longevidade brasileira em uma trilha de estilo de vida, alimentação, atitude, propósito e alegria com base no mais importante e revelador estudo sobre longevidade no Brasil e América Latina. Ao descobrir como viviam e vivem os longevos brasileiros da região de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, ficaram ainda mais claros os motivadores da vida longa, plena e feliz. A boa notícia é que a receita da longevidade pode ser repetida em qualquer lugar. É sobre isso que vamos falar aqui de agora em diante.
A Longevidiet tem como alicerce de saudabilidade a origem das suas proteínas, verduras, legumes e frutas, todas de origem orgânica. Afinal eram nos pomares, hortas e galinheiros das casas dos longevos estudados, que se originava, e ainda se originam em muitas famílias, os ingredientes das refeições. Uma das características dos municípios em que a área rural se confunde com a zona urbana é a troca entre os vizinhos. Quem colhia mais mandioca do que necessitava, trocava por alguns litros de leite, queijo ou manteiga. Os galinheiros mais produtivos em ovos ou proteína de frango, viraram moeda para uma ou mais caixas de laranjas e assim por diante. O senso de pertencimento e de comunidade regia estas trocas. Nada se perdia, tudo supria a quem faltava e este, dentro desta sutil economia de manutenção da subsistência de todos, fazia o alimento circular.
Nos grandes centros urbanos, as feiras do produtor, as feiras livres e até os supermercados de grandes redes fazem as vezes da horta ou do pomar. Neles se encontram várias linhas de gêneros alimentícios de origem orgânica. O preço ainda é diferenciado em relação aos gêneros produzidos em grande escala e com métodos não tão orgânicos. Há uma década o preço dos orgânicos era de 50% a 60% superior. Hoje oscila entre 15% e 25% e em alguns casos, como nas bananas orgânicas vendidas em grandes redes, o preço é até menor que o dos produtos com controle de pragas por métodos “convencionais”.
Vale revisitarmos alguns pilares da Longevidiet – a dieta dos longevos brasileiros:
O poder nutricional e funcional dos legumes e verduras orgânicas na alimentação dos longevos apresenta índices de até 21% a mais de ferro e até 29% a mais magnésio na sua estrutura. É a natureza seguindo seu caminho normal e devolvendo ao ecossistema que dela depende o melhor para subsistência.
A água pura e rica em minerais da região em que é consumida se torna um dos principais alimentos das células. Aos idosos em especial a água ingerida como rotina e disciplina garante o equilíbrio no sistema circulatório, facilita o trabalho dos rins que precisam filtrar e expelir antioxidantes, toxinas e tudo mais que sobra ao corpo. Um ponto merece muita atenção e você aí que está lendo este texto e tem mais de 50 ou 55 anos deve prestar atenção. O “termostato” da sede vai ficando desregulado ao ponto de não se manifestar nem em situações de desidratação severa. Simplesmente não temos mais sede mesmo que o corpo precise de água. É uma pegadinha da natureza que vai exigir uma rotina de hidratação como se fosse um remédio. Quando eu era criança meu avô tinha uma roça de milho. Ele capinava de tempos em tempos e por vezes se afastava e ia fazer o seu xixi na sombra de uma árvore. Por vezes dizia: “minha urina está muito amarela. Tenho que ir beber água”. Isso lá nos anos 1975 e guaraná com rolha. Fica a dica do Vô Fridolino. Amarelou, tome água.
Nos próximos textos, vamos visitar os carboidratos em sua melhor origem, a proteína animal criada como antigamente, os grãos, sementes e seus benefícios, de pomar ou silvestres as frutas da estação. A Trilha da Longevidade brasileira, nosso patrimônio que há 28 anos orienta o meio acadêmico e médico com suas descobertas é um presente da natureza e será devidamente desvendado e visitado.
O Instituto Moriguchi é um centro de estudos e aplicações práticas voltados ao processo de envelhecimento, buscando compreender e promover a qualidade de vida com plenitude ao longo de todos os estágios de desenvolvimento do ser humano. Seu nome homenageia o Professor Doutor Yukio Moriguchi, pai da Geriatria no Brasil e precursor da Geriatria Preventiva. A sede, centro de pesquisas, laboratórios e centro de atendimento multidisciplinar à população idosa fica em Veranópolis/RS.
Fonte: Pesquisa Projeto Veranópolis e Instituto Moriguchi – Centro de Estudos do Envelhecimento e Terra Longevidade