Com a música nossos sentimentos se transformam em palavra e tomam forma. Nos meus momentos de maior tristeza, eu procurei a música, e nos de maior alegria também.
A música fez parte de toda a minha vida, desde os encontros familiares de infância em que meus avós, pais, tios entravam madrugada adentro cantando e a gente improvisava bailes. Depois, pré-adolescente, quando aprendi com meus tios Sandra e Alemão a ler as letras das músicas a partir do Chico Buarque. Mais tarde, adolescente, frequentei no interior os bailes e invernadas no CTG (Centro de Tradição Gaúcha). E, universitária numa Porto Alegre dos anos 80, fervendo com o rock gaúcho e muitas casas de shows. Cantei em coral ao longo da vida. Participei de grupos de dança. Já contei aqui sobre o “Just Dance”, uma das minhas atividades físicas. A música está nas minhas veias. De muitas maneiras.
Muitos são os mágicos que fizeram das notas e das letras de suas músicas obras de arte. Bob Dylan em 2016 recebeu o Nobel de Literatura, alçando a composição musical ao patamar de obra literária, algo que era impensável até então.
Mas por que será que a música é algo tão fundamental para gente? Onde ela “mexe” conosco de maneira tão profunda? E a gente sem saber, já sabe da resposta, porque quando escutamos, dançamos, tocamos, cantamos uma música e se dá o início do prazer, o elo que vai além da palavra, que une o nosso sentir com a emoção.
Quer uma prova disso, e sentir esse prazer da música? Clica neste link e assista a apresentação de Janey Cutler, 80 anos, que surpreende ao cantar No Regrets, no Britain’s Got Talent (e se tiver mais um tempinho, assista ao vídeo a seguir, quando uma outra mulher de 80 anos surpreende os jurados com sua apresentação de dança).
Mas aí, você me pergunta… O que isso tem a ver com a pessoa 60+ e a longevidade?
Porque é saudável, pois a música faz bem para alma, para o coração e – como consequência – para o corpo. Mas, para as pessoas mais velhas, traz benefícios adicionais, pois quando elas cantam ou dançam ou tocam um instrumento, por exemplo, também estão trabalhando suas funções cardiorrespiratórias, coordenação motora, memória, criatividade, autonomia. Sem falar da riqueza da experiência do convívio social, se essas atividades forem realizadas em grupo. Entre outros benefícios da música no cotidiano, também podemos citar a possibilidade de expressar seus sentimentos através destas atividades, quando de outras maneiras essas pessoas poderiam se sentir reprimidas.
E é vivenciando a música e as possibilidades que ela oferece, como o resgate de talentos e emoções há tempos perdidos, que novas emoções e experiências vão acontecendo. E, quanto mais experiências a gente vai tendo ao longo da vida, em qualquer fase da vida, mais ativos, maior autonomia e autoestima teremos. E, neste contexto, a maior qualidade de vida na velhice estará a serviço da longevidade, concorda?
Para inspirar e energizar você, abaixo segue uma seleção de alguns grandes músicos 60+. Espero que você curta, cante e, quem sabe saia dançando por ai! Por que não?
Play List
Nana Caymmi, Não se Esqueça de Mim
Chico Buarque, Quem Te Viu, Quem Te Vê
Paulinho da Viola, Foi um Rio que Passou em Minha Vida
The Rolling Stones, (I Can’t Get No) Satisfaction (ao vivo)
Paul McCartney, No More Lonely Nights
Roger Hodgson, cantor do Supertramp, com Dreamer – acompanhado por Orquestra e Coral.
Essa coluna é dedicada para Gisele Varani.
Foto da Capa: Divulgação
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