Charles Gavin, o baterista dos Titãs, contou em entrevista para o UOL como se preparou para a turnê de reencontro do grupo. A formação com todos os integrantes está rodando o Brasil.
A ideia original era fazerem dez shows. O anúncio da turnê e a rápida venda dos ingressos transformaram a agenda para vinte e duas apresentações em sessenta dias. Um show a cada três dias. E vêm mais por aí, inclusive fora do Brasil.
O projeto nasceu para celebrar os quarenta anos da banda. Com três dos músicos restantes da formação original, Sérgio Britto, Branco Mello e Tony Belloto, o grupo nunca parou. O reencontro trouxe de volta Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos e o Charles.
Estavam planejando tudo desde antes da pandemia. No meio do caminho, Branco teve um tumor na laringe. Lutou para se recuperar, para voltar a tocar baixo e a cantar. Numa das reuniões em que estavam decidindo a data da volta, a presença dele e o reconhecimento do seu esforço foi um motivo de aceleração do processo. Deram-se conta de que estavam todos vivos e era preciso celebrar.
A preparação do Charles, que, desde que saiu dos Titãs, tocou em outros projetos musicais, passou por uma consulta a uma nutricionista. Como iria ficar bastante tempo na estrada, além de precisar de força e energia para a tarefa de executar a bateria de uma banda de som pesado como é grande parte do repertório titânico, foi pedir orientação.
A consulta mudou seus hábitos alimentares. Passou a almoçar e jantar proteína e legumes. Parou de comer pão à noite. Diminuiu o glúten. E, por decisão própria, não toma bebidas alcóolicas durante toda essa turnê.
Intensificou também a preparação física que já fazia todos os dias. E, mesmo sendo um dos mais respeitados bateras da sua geração, retomou as aulas de bateria. Tudo isso no auge dos seus sessenta e três anos.
Outro grande baterista do rock, aliás o meu preferido, Ian Pace, do Deep Purple (procure nas plataformas de música ele tocando Hold On), disse algo bem legal sobre a idade. Quando ele e seus colegas estavam em torno dos sessenta, perguntaram se eles ainda seguiriam tocando. Ian disse que passaram a vida inteira fazendo isso. A vida inteira no rock. Agora que estavam com sessenta deveriam fazer o quê? Trabalhar num banco?
Perto da beleza e da elegância de um Paulinho da Viola, aos oitenta arrasando no palco, de Gil, Caetano, Jorge Benjor, todos octogenários e com grande atividade, os Titãs são uns meninos.