Mark Zuckerberg, 40 anos, líder da Meta/Facebook, anunciou a sua rendição a Donald Trump em alto e bom som. Vai acabar com as checagens de fake news e com as políticas de diversidade, sinalizando ao novo presidente americano que entendeu as mensagens de que poderia ser perseguido e até “passar o resto da vida na prisão”. E mais: doou agora 1 milhão de dólares para a festa da posse. Zuckerberg ouviu Lincoln: “Destrua um inimigo, fazendo dele um amigo”. E atrás dele vem mais gente.
Se um dos homens mais ricos e influentes do planeta baixa as calças, podemos imaginar que os nossos piores pesadelos ainda estão por vir. Na próxima terça, dia 21 de janeiro de 2025 (guarde essa data), o day after da posse de Trump, talvez venhamos a acordar num novo mundo, um novo capítulo da história mundial (espero estar exagerando).
No primeiro mandato, Trump era apenas um aventureiro que deu um golpe de sorte. O segundo mandato, depois de escapar da prisão por um milímetro, não foi conquistado à toa. E ele sabe disso. Lá vem um Trump mais maduro, mais consciente da sua importância e do seu poder, desafiando o mundo e as normas politicamente corretas, tendo como amigo de parquinho ninguém menos do que o maior vilão internacional do momento, o bilionário megalômano sul-africano Elon Musk (há apostas de que ele pode se tornar o primeiro trilionário do mundo).
Sabemos que os líderes da extrema direita vivem de bravatas, pautam temas quase (ou não) nonsenses, uma atrás do outra, para manter uma agenda ativa, não permitindo que as demandas externas lhe atinjam. Esse Trump, agora empoderado, que antes de assumir já desrespeita seus meios-irmãos – México e Canadá -, ameaça tomar a Groelândia da Dinamarca e o Canal do Panamá dos panamenhos e abandonar a Ucrânia, confirma que entramos de vez num ciclo da extrema direita no mundo, o que era inimaginável até há poucos anos. Seria o ocaso de uma Era que começou na revolução cultural dos anos 60?
Portanto, nos preparemos, vem aí um mundo que vai afrontar mais ainda as pautas humanistas – diversidade, inclusão, igualdade, crise climática – e, pior, o bom senso. Por aqui, vamos seguir na mesma toada. A esquerda, que surfou de braçada desde a redemocratização, perdeu o discurso e o rumo. E tenta entender para que lado correr.
O Brasil conservador está aí, embalado pelas igrejas neopentecostais, pelo agro e por uma classe média que ficou à mercê das políticas sociais nas últimas décadas. Parafraseando a famosa “é a economia, estúpido”, atribuída ao marqueteiro americano James Carville: “Não é a Comunicação, Lula”. Preparem-se para 2026, dessa vez é o PT que vai enfrentar um poste. Um poste com quepe de capitão.
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Foto da Capa: Gerada por IA