Tendências são criadas diariamente e são o guia do que está sendo feito no mundo todo. O esporte é um dos, se não o maior, criador de tendências e necessidades em todo o globo. Nos últimos anos vimos clubes tradicionais e vencedores com o modelo associativo, mas que estavam em baixa, como Cruzeiro, Botafogo, Vasco, Bahia, entre outros, aderiram a SAF (Sociedade Anônima do Futebol), também conhecida popularmente como Clube Empresa. Ou seja, um modelo que visa o profissionalismo e resultado, assim como aconteceu no final dos anos 90 com vários clubes brasileiros que receberam investimentos externos e depois viram a, então novidade, naufragar.
Quando buscamos seguir essa tendência para as instituições estatais e públicas, duas coisas vêm à mente: privatização e parceria público-privada. Porém, esse seria o olhar raso e simplista que nos levou a atual situação, que são os custos operacionais elevados, a qualidade do serviço entregue bastante ineficiente, a falta de um tratamento mais adequado aos seus clientes/usuários e a descredibilização das instituições públicas. Costumo usar a seguinte frase: “Problemas complexos exigem soluções simples, mas que geralmente podem dar errado”. Na onda do modismo das SAFs e se essa onda pega, como poderiam ajudar em outros segmentos de mercado, como o dos sindicatos, por exemplo. Não seria na ótica da extinção das entidades ou não mudança de seu DNA e dos objetivos traçados quando da sua criação, mas sim a busca pela profissionalização, qualificação dos serviços prestados, foco no cliente, retorno para seus associados e cumprir seu papel na defesa dos interesses dos trabalhadores da categoria que representa, mas tudo isso, numa linguagem e postura moderna e adequada aos novos tempos.
Nos últimos 80 anos, os sindicatos brasileiros têm exercido um papel fundamental nas conquistas e defesas dos direitos trabalhistas. É inegável o protagonismo que temos na luta pelos direitos dos trabalhadores. Mas com as mudanças da Lei Trabalhista em 2017, perdemos nossa representatividade e força. Contudo, lutamos arduamente para reconquistar os direitos dos profissionais, retomar o nosso lugar de atuação e a ter novamente a confiança dos associados, trabalhadores, empresários e comunidade. Como presidente do Sindicato dos Administradores do RS e vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros sei que é uma tarefa árdua e com uma longa caminhada, porém extremamente importante para todos os trabalhadores, que são a razão da nossa existência.
Sabemos que é necessário sempre buscar a modernização e a inovação. Por isso, queremos mudar a nossa imagem sindicalista e agregar ainda mais ações. Muito mais que representar, nós queremos fortalecer a nossa caminhada ao lado dos associados, com soluções que tenham realmente significado, como atividades que visem a promoção de empregabilidade na área, fortalecimento e valorização da categoria, banco de dados para contratações e opções de formação e desenvolvimento.
Mas, para isso, é necessária uma cansativa e longeva tentativa de mudança de pensamento por parte de todos os afetados, inclusive dos profissionais que estão dentro dos sindicatos. Como por exemplo, fazer o Sindaergs pensar como uma SAF dos administradores, buscando resultados efetivos que beneficiem a categoria, com menos dependência do poder público.
Hoje temos muitos administradores com formação e especialização nas áreas; mercadológica, logística, recurso humanos, comunicação, mídias digitais, tecnologia da informação, promoções/eventos e tantos outros segmentos, mas, em contrapartida, temos muitos futuros profissionais em formação que saem anualmente dos cursos universitários sem oportunidade de colocação no mercado de trabalho. As constantes mudanças exigem mais qualificações. Neste sentido, queremos estar ao lado do administrador como um canal confiável de aperfeiçoamento profissional. Um dos objetivos do Sindaergs é o estreitamento da relação entre entidades representativas, poder público, iniciativa privada, as universidades e as Escolas de Administração e Negócios.
Isso é estar atento às tendências. Porém, não tenho a prepotência de falar que tenho a solução para o novo papel dos sindicatos. São questões e culturas de décadas que precisam ser trabalhadas e alinhadas para que a compreensão do público-alvo, seja ele qual for, seja de ver os sindicatos como parceiros de crescimento que tem como objetivo a resultado de seus associados.
Apesar do longo caminho que temos pela frente, o SINDAERGS já tem vivido importantes mudanças nos últimos anos, buscando diversas formas para realizar uma reformulação e buscar um crescimento de quase 100% no número de associados até 2024. Meu objetivo, como gestor de sindicato, é fortalecer cada vez mais nossa parceria junto à jornada dos administradores, pois assim conseguiremos fortalecer nossa classe administradora e colaborar com a força sindical brasileira.