No Rio Grande do Sul foram criadas mais de 154 mil vagas formais, entre 2020 e o último trimestre de 2021, e foram preenchidas por 88,4% dos jovens de até 29 anos. O mercado de trabalho se transforma a cada segundo e, constantemente, destacamos como essas mudanças afetam a economia. Precisamos abrir nossos olhos para uma mudança que acontece e que, inevitavelmente, prega um cenário etarista e incoerente. A pandemia reforçou o movimento de etarismo no mercado de trabalho: milhares de cargos ocupados por profissionais experientes e com ampla formação acadêmica passaram a ser ocupados por profissionais mais jovens – e consequentemente menos custosos. De acordo com dados divulgados pelo Novo Caged do Ministério do Trabalho e Previdência, a realidade das empresas no Brasil hoje: contratar pessoas mais jovens, com pouca experiência e menor qualificação.
Com salários mais baixos e contratos mais curtos, os dados escancaram a atual realidade. A partir disto, pode-se perceber que não há uma cultura de integração entre gerações dentro das empresas. O objetivo deveria ser a integração entre os diferentes perfis de profissionais e, por parte do governo e instituições, maior estímulo à recolocação e contratação dos seniors, usando estrategicamente sua forma intelectual e experiência. É notória a falta de oportunidades para os mais jovens e que também as empresas darão mais oportunidades, mas é preciso ter equilíbrio e entender que o mercado não se restringe aos mais jovens.
Por isso, uma das bandeiras que prego e acredito fielmente é justamente a valorização dos profissionais maduros. Com o aumento da expectativa e qualidade de vida, em termos gerais, não podemos mais aceitar a máxima de 30, 40 anos atrás, de que beirando os 50 anos o profissional passa a trabalhar somente pensando na aposentadoria. A economia do futuro é baseada nos maduros! A imagem da bengala, do cabelo preso ao coque, da pessoa reclusa em casa esperando a hora da morte já não faz mais sentido. A cada segundo que passa, mais profissionais com anos de trabalho, conhecimento e capacidade de realizar as funções, perdem oportunidades em detrimento da idade. Preza-se por valores que não condizem com a realidade atual. O mundo amadureceu. E o Brasil também. O mercado precisa – urgentemente – enxergar isso e agir.
Ainda precisamos trabalhar em algumas questões e realizar inúmeras adaptações que se fazem necessárias, principalmente se tratando na valorização dos profissionais com mais tempo de carreira. Necessitamos valorizar mais essas pessoas, pois elas podem trazer diversos benefícios para os nossos negócios, pois possuem grande conhecimento no mercado de trabalho, já tendo presenciado diversas mudanças ao longo dos anos, isso nos ajuda a ter visões diferentes sobre o modo de como trabalhamos. Não é necessário preferir um jovem a um maduro, ou vice versa. O equilíbrio e a troca de experiências é o caminho.
O objetivo é dar condições mais justas para os profissionais de idades mais avançadas, pois hoje acabamos apenas por valorizar os mais jovens, seja para garantir a eles que tenham uma maior experiência no mercado, ou seja por eles terem uma mão de obra mais barata. Devemos achar meios para que haja uma mescla entre as gerações, pois desta forma vamos conseguir dar condições justas para que todos tenham condições justas no mercado.
Sendo assim, a valorização de profissionais beirando os 50 anos, acaba ajudando na realocação desses trabalhadores, oferecendo condições justas e mais humanas, pois o mundo está amadurecendo, e esses profissionais podem ser de grande ajuda para o crescimento de setores e de empresas. O futuro está nas mãos de pessoas maduras, pois podemos estar perdendo trabalhadores com competência, justamente por não dar oportunidades. Mas estamos lutando por um mundo e um Brasil mais justo, na qual essas pessoas possam ter melhores oportunidades.