Fomos ver o show do Marcelo Gross no Teatro de Câmara Túlio Piva e voltamos felizes da vida. O teatro foi recém reformado e reaberto depois de dez anos fechado. O show do Marcelo abriu a temporada 2024.
Acompanhado de excelentes músicos, e ele mesmo um ótimo guitarrista e vocalista, desfilou um set list que revisita seus álbuns da carreira solo e alguns sucessos da banda Cachorro Grande, de que faz parte.
Essa sua larga experiência, que soma seu trabalho individual ao grande tempo de estrada da Cachorro, contribui para termos em cena um artista seguro de si e de seus talentos no palco. Toca e canta com desenvoltura. Tem uma comunicação com a plateia sem exageros, mas plenamente eficiente, conduzida por breves histórias sobre como compôs algumas das canções.
Uma delas, a do hit “Sinceramente”, é reveladora. Alguém, que Marcelo não disse quem seria, pediu que ele compusesse uma balada como as do Paul McCartney. Só isso? “Faz tu!”, ele respondeu. Sim. Como se fosse a coisa mais fácil do mundo fazer uma melodia linda como, por exemplo, “The long and winding road” ou “Hey Jude”.
Mas o pedido rendeu algo orientado pela beleza das canções do mestre Paul. O resultado foi o que o Marcelo conseguiu fazer. E sua música encanta com todos seus movimentos de subidas e descidas. Foi um dos pontos altos do seu show.
Essa sua história me lembrou de uma letra do Gilberto Gil: “Se os frutos produzidos pela terra/ainda não são/tão doces quantas as peras/da tua ilusão/amarra o teu arado a uma estrela”. Ou seja, mirar em algo tão alto quanto uma canção de McCartney levou Marcelo a ir mais longe como compositor.
Assim como a Cachorro Grande, seu trabalho solo é o fino do rock and roll. Os músicos que estavam com ele no Câmara, além do visual típico do anos mil novecentos e setenta, com seus longos cabelos, tocaram com precisão, fazendo o rock pulsar do início ao fim. O trio teve o baixista Eduardo Barreto, o tecladista Jimmy Pappon e o baterista Lucas Leão.
A segunda canção do roteiro foi “Alô, liguei”. O último verso diz: “você acha mesmo que eu devo ir?”. Se for a um próximo do Marcelo Gross e banda, eu acho mesmo que todo mundo deve ir.
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Foto da Capa: reprodução Facebook