Reunidos no Japão, os ministros responsáveis pela Digitalização e Tecnologia do G7 aprovaram e publicaram uma declaração conjunta que apela para que todas as nações participem ativamente do desenvolvimento de normas internacionais para a regulamentação da Inteligência Artificial. O objetivo é promover o diálogo sobre questões importantes e já relacionadas com a tecnologia, além da avaliação de seus maiores riscos.
A declaração cita cinco princípios fundamentais para regular a utilização da IA e de outras tecnologias emergentes. O documento, entretanto, serve de pano de fundo para a real preocupação: a produção e distribuição de conteúdo falso ou manipulados, utilizados para gerar desinformação.
Vale registrar que a regulamentação é para a utilização de IA generativa, não para o desenvolvimento desta tecnologia. Reforço este ponto porque muitos têm argumentado que não podemos criar leis para “impedir” a evolução tecnológica.
Chegam até a criar comparações com períodos históricos em que houve a tentativa de frear o progresso da ciência por medo e/ou outros interesses. Numa grosseira analogia, não estamos falando de frear a invenção e evolução dos carros, mas em criar regras para regular como eles precisam ser conduzidos e produzidos para garantir a segurança de toda a sociedade.
Nesse cenário, o fato é que os países estão avançando rapidamente para deixar de lado diretrizes éticas vagas e gerais, passando a adotar regulamentações mais específicas e objetivas para monitorar os modelos de construção/treinamento das aplicações de IA e a sua utilização. O foco tem sido regras que buscam tratar dois tipos de problemas comuns às IA generativas: a geração de resultados tendenciosos (quando a empresa provedora da aplicação orienta o resultado conforme seu interesse) e a geração de conteúdo prejudicial não verdadeiro (quando a tecnologia é utilizada para fins ilegais e imorais, responsabilizando usuários e aplicações).
Esse segundo aspecto é o que mais ocupa nosso dia a dia. Nele estão a produção de conteúdos falsos (fakenews) e a pornografia deepfake não consensual, para ficar em dois exemplos bastante comuns.
Mas não é preciso Inteligência Artificial para que as pessoas criem e disseminem conteúdos falsos ou fraudulentos. A grande novidade é que agora podemos entrar em um debate sobre temas polêmicos sem saber que do outro lado está alguma aplicação de IA generativa. Nesse caso, nosso interlocutor é capaz de produzir argumentos cada vez mais aprimorados e capazes até de simular empatia de debatedor. Além do fato do debate ser inútil, pois não conseguiremos mudar a opinião do “oponente”, estaremos totalmente vulneráveis a ter nossas opiniões influenciadas por algo incansável e bem treinado.
Já pensou em como serão as eleições de 2026 caso não tenhamos qualquer regulação neste sentido? Poderá significar o fim da Era do Empoderamento dos Idiotas e o surgimento da Era dos Ignorantes Argumentativos.
Mas, independentemente das projeções, o fato é que não estou preparado para discutir com a IA. E nem quero estar. No máximo, quero ouvir o que ela acha sobre a regulamentação destas tecnologias.
Vejam:
MINHA PERGUNTA
O que você acha da regulamentação de uso das tecnologias de inteligência artificial?
A RESPOSTA DO ChatGPT
Como um modelo de linguagem de inteligência artificial, eu não tenho uma opinião pessoal, mas posso dizer que a regulamentação de uso das tecnologias de inteligência artificial é importante para garantir a segurança e a ética em seu desenvolvimento e aplicação. É fundamental que os governos, empresas e profissionais envolvidos na área de inteligência artificial discutam e estabeleçam diretrizes claras para garantir que essas tecnologias sejam desenvolvidas e usadas de forma responsável, evitando possíveis riscos para a sociedade e para a privacidade dos indivíduos. Além disso, a regulamentação pode incentivar a inovação e o aprimoramento da tecnologia, proporcionando um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento e uso em benefício da sociedade de uma forma geral.
Agora, nos basta discernir se foi uma resposta sincera ou uma fake empatia para tentar dominar o planeta e acabar com a raça humana mais rápido do que conseguiremos sozinhos.