1 – No colégio, havia que gostar da banda do momento.
2 – Chama Aspen a rádio de flashbacks mais ouvida de Buenos Aires, cravada aqui no dial.
3 – A crônica ia ser sobre outra coisa. Mas o DJ põe para tocar Mistify do INXS.
4 – Foi uma das canções que tentei amar em 1989. Tive mais êxito com Never tear us apart.
5 – A canção seguinte, com seu ritmo dançante suave, de Lou Rawls, é quase um contrassenso à escolha anterior.
6 – O que mais me encanta nessas rádios, como a nossa Continental, é impossibilidade algorítmica da seleção. No máximo um random de uma lista prévia. Seu caráter esquizofrênico é fundamentalmente humano.
7 – Dançante suave. Era uma das classificações das revistinhas de violão, com os acordes simplificados, para não perder a chance de abafar nas rodas com a ubíqua Legião Urbana.
8 – Que tinha quase todos os ritmos classificados como médio jovem. Às vezes ainda me volta esta categoria: médio jovem.
9 – Agora vem dos falantes um Rolling Stones. Médio jovem.
10 – Finalmente fala o locutor. Coisa rara neste tipo de rádio. Informações de trânsito. Sempre há alguma confusão na General Paz. Começa também a vacinação contra a dengue.
11 – Comprei há duas semanas um aparelho de som antigo, com rádio. Os streams me cansaram. Ouvir uma estação está para a música assim como ir a uma livraria está para o Kindle: gosto de saber o que não sei que quero escutar ou ler. Ademais há erros que não escolheria e que são salvadores.
12 – Jamais escolheria Boys do fall in love, de um dos irmãos Gees. Puro oitentismo. Vozes de robô, teclados a milhão.
13 – Às vezes desdenhamos demais da surpresa. Our house, in the middle of our street.
14 – Permito-me um bocado de ternura por aquela criança gorda e sardenta tentando amar o que a moda ditava. Era ruiva e gostava mais do que o devido de biscoitos São Luís.
15 – A day in a life. Uma daquelas canções que precisa de nossa total capacidade de escuta. Continuemos a conversa na semana que vem.
Foto da Capa: Madness / Reprodução do Youtube
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