1- Em Porto Alegre para lançar meu novo livro de poemas.
2- Chove. Agora sempre chove aqui.
3- Uma chuvinha miúda, de triste resignação, como disse Bandeira.
6- A deposição das armas. Meu sexto livro de poesia. Ia ter um contexto, uma espécie de desistência provisória, um abandono temporário dos versos.
7- Coisas que não se escolhem. Ontem escrevia um novo poema.
8- Restou a ideia de um procedimento de simplificação: a busca por uma linguagem menos espetaculosa, uma aproximação intencional das coisas e das pessoas neste mundo, uma busca por uma transposição mais direta da experiência de estar vivo e envelhecer.
9- Entrando no ano dos meus cinquenta, já não encontro valor em cantar as armas e os varões, ainda que haja uma série de estudos sobre homens em seus laboratórios, feitos da matéria da existência.
10- Aliás, o livro está composto por 57 estudos em dísticos (poemas com estrofes de dois versos). Por ora, gosto da ideia de que a escrita não é mais que um ensaio, uma especulação capaz de se converter em lente, qualquer coisa que agudize e distorça o olhar aplastado pela rotina e pelo uso.
11- Chove.
12- Será uma super quarta para mim. No mesmo Instituto Ling lançarei o livro, às 19h30, mas antes farei uma palestra sobre o poeta de minha vida, Constantino Kaváfis, às 16h.
13- Esse gentil-homem que olhava para o mundo desde uma esquina, como disse Forster.
14- De um costado. É, em geral, de onde miram os poetas.
15- Mas vem o lançamento, e estamos de novo, para nossa salvação, entre as pessoas e os leitores que nos salvam de criar este antiquíssimo instrumento de esperança para ninguém.
16- O livro é a máxima comunhão do poeta.
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Foto da Capa: Gerada por IA.