- A vida suporta os corpos humanos caídos. Há muitas outras formas de vida na carne destroçada.
- As palavras grandiloquentes.
2.1. Solidariedade
2.2. Reparação
à vida lhe soam iguais.
- A vida não está nas siglas de documentos timbrados.
- Os gritos de festa e os gemidos dos massacres, só nós os distinguimos.
- O horror é um patrimônio nosso. Assim como a espantosa excitação dos que sentem um extracalor no sangue com a pornografia da morte. E depois as maneiras conhecidas de justificar a libido, a cantilena ideológica dos abusadores, flexíveis a ponto de abençoar quaisquer extermínios.
- Grupos. Organizações. Forças.
- As palavras da moda à vida também lhe soam iguais.
- A memória e a expectativa, a desilusão e a esperança são fardos que somente nós carregamos.
- À barbárie vivida e à barbárie que se viverá, respondemos com novas notícias: eleições gerais no próximo fim de semana, candidatos se peleando sem quaisquer plataformas, inflação galopante, falta de produtos, dólar sem controle. Quem sabe ser capaz de se preocupar com isso? Distrair-se e passar como a vida passa.
- É hora de trocar de página, dizem. Por que não dar atenção às outras tantas violações que acontecem todos os dias?
- Porque entre a vida e a morte, e a vida que supera a morte com seu mero fluir, a memória resiste, junto com umas duas ou três convicções difíceis de formular, mas que por certo não vão a negócio, ao menos não ao preço que este tempo põe em tudo.
- Mortes que valem mais, mortes que valem menos. Vidas que valem mais, vidas que valem menos, a depender do beneplácito dos legisladores sem procuração espalhados pela Terra.
- Antes talvez a indiferente continuidade da vida natural.