A população brasileira é composta por 48,9% de homens e 51,1% de mulheres, mas, nos lugares que eu frequento, tenho a sensação de que existem muito mais mulheres do que homens. Aonde que eu vou? Nos cafés, nos parques, malhar na academia, fazer compras na feira livre e no mercado, nos shows, em eventos sociais e na própria universidade onde trabalho predominam mulheres. Na semana passada fui a uma festa de formatura e o número de mulheres era superior ao de homens, mas na hora que tocou a música, 90% das pessoas que estavam na pista de dança eram mulheres. Os únicos lugares que eu vejo mais homens do que mulheres é nos estádios de futebol e em alguns botecos onde os homens se reúnem para beber.
Analisando esta situação eu me perguntei, cadê os homens? Além dos estádios de futebol e dos botecos, onde eles estão? Fazendo o quê? Será que em casa deitados na poltrona na frente da TV? Ou fazendo churrasco e bebendo cerveja? Onde estão boa parte dos 48,9% da população brasileira?
Quando vejo as estatísticas mostrando que os homens são a maioria esmagadora no parlamento, no poder executivo e nos cargos de direção das empresas, me pergunto: por quanto tempo? Se as mulheres são mais ativas, estudam mais, são mais saudáveis e vivem mais, mais resistentes a dor, mais resilientes etc., chegará a hora em que elas perceberão a sua força e ocuparão bem mais dos cerca de 20% de cadeiras no parlamento e muito mais postos de comando nas organizações, pois se hoje já são mais bem preparadas do que os homens, imagina no futuro.
Talvez você esteja pensando que existem outros fatores que impedem que isto aconteça, como o machismo e a própria submissão de muitas mulheres. Isto também está com os dias contados, a única vantagem que os homens manterão será a força física, pois por sua estrutura, os homens possuem cerca de 40% mais músculos que as mulheres. Mas isto representa poder? Em média, os negros são mais fortes do que os brancos e não por isto estão no poder! Por quanto tempo irá persistir esta realidade de mulheres recebendo menos ao fazer o mesmo trabalho que os homens?
Nos anos 80, Margaret Thatcher foi a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra britânica, ela fez treinamentos vocais para se tornar mais respeitada, ter uma voz mais parecida com a dos homens. Recentemente, em épocas de pandemia, vimos governantes mulheres mostrarem como agir em situação de crise. Elas não precisaram deixar de ser femininas. Além da poderosa Angela Merkel (66 anos) na Alemanha, se destacaram Jacinta Ardern (eleita com 37 anos) na Nova Zelândia, Mette Frederiksen (42 anos) na Dinamarca, Sanna Marin (34 anos) na Finlândia e Katrín Jakobsdóttir (44 anos) na Islândia. Os que não querem contratar mulheres porque elas podem entrar em licença maternidade, viram a Jacinta ter um filho durante o seu mandato de primeira-ministra e tirar apenas seis das dezoito semanas de licença-maternidade que tinha direito. Três meses após o parto, depois de falar para os líderes mundiais, ela trocou as fraldas da filha durante a Assembleia Geral da ONU. Com empatia e o calor humano elas estão mostrando uma nova forma de governar. Analisando esta evolução, tenho o pressentimento que nos próximos mandatos teremos presidentas no Brasil e nos EUA e desta vez, os homens não terão condições de dar um golpe para derrubá-las.
Em duas ou três gerações os homens terão que mostrar suas qualidades para poder concorrer com as mulheres. Não se trata de luta por igualdade, pois homens, mulheres e os LGBTQIAP+ são e continuarão sendo diferentes, o que eu imagino que irá acontecer é o desenvolvimento da capacidade de fazer das diferenças as nossas fortalezas, pois aprendemos mais com os diferentes do que com os iguais. Quando a sociedade aceitar isto, cairão muitos dos preconceitos e as pessoas serão estimuladas a serem quem desejam ser, independente do gênero e das suas opções pessoais. Por tudo isto, acredito que teremos uma sociedade mais justa no futuro.