Este texto é um convite. Um quarto do ano se foi e para muitas que me leem e que me cercam, abril foi sobrevivência, foi segurar-se, lenços pra que te quero tanto. Então, para maio, para este começo de mês após caos: olha pra ti. Celebre cada contrato fechado, cada cliente que pediu proposta, cada cliente que repetiu pedido, cada e-mail solicitando serviço.
As metas… esquece delas! Só por hoje.
Acolhe e te atenta a cada elogio recebido, a cada resposta de que tu estavas certa, de que tu indicaste a solução mais correta, de que tu trouxeste a doçura para o deleite das papilas gustativas de alguém.
Celular na mão? Quantas vezes nossas amigas te disseram “te amo” pelo WhatsApp, quantas perguntaram sobre o teu dia, quantas te pediram pra avisar quando tu chegasse, quantas vezes tua família disse que sente saudade? Teus amores perguntaram sobre o teu dia? Quantas vezes tu acordaste cedo, descobriste que era sábado e voltaste a dormir? Quantos abraços recebeste essa semana? Abre uma pastinha seu computador/HD chamado vida, alimenta ele de cada pedacinho de desejo bom para o teu dia, para a tua semana.
Mas gente, virou coach agora? Não. Sigo faceira e saltitante na advocacia para empreendedoras e por elas que aqui digo: a memória nos facilita os tropeços, mas por conta da síndrome da impostora, por conta da cultura patriarcal e machista que nos cobre como manto, por constantes formas de violência diária e de condescendência com o outro, quando você se atenta ao tantos e todos e esquece de si (eu também, juro, escrevo porque preciso, para além de dizer, compreender), mais fácil permanecer entre lamentações, do que recordar os bons drinks que beberíamos.
Tirei de onde? Daqui: existem vários estudos científicos que, a partir da análise das diferenças de gênero na formação da memória, especialmente em relação a eventos negativos, destacou que somos portadoras de um predisposição a formar memórias mais vívidas de experiências negativas devido a uma maior sensibilidade emocional antecipatória. Ou seja, as portadoras de vulva processam e lembram eventos negativos com maior facilidade, tendem a utilizar atividade cerebral antecipatória lateralizada à direita que influencia seletivamente a codificação de imagens desagradáveis, ou seja, a sua memória registra de maneira mais potente como os eventos negativos são lembrados.
E por isso te faço este convite. Hoje. Agora.
Brinde com água, acenda uma vela, olhe para o espelho e bata palmas, festejar, gritar, cantar, arredar as cadeiras e tirar os calçados, aumentar o som e dançar. Dance pelo sabor do feijão que você fez na segunda, pelo cheiro de roupa lavada que você encontrou no guarda roupa, por terminar a lista de entregas na quarta, por ter lido duas páginas daquele livro que está há um ano na sua cabeceira, por encontrar as tarraxinhas do seu brinco preferido. Crie esses pontos de luz que no decorrer da trajetória da vida vão iluminar o caminho, como lembretes, pequenos bilhetes.
Etimologia, queremos.
Celebrar, vem do latim celebrar, de honrar, de fazer solenidade, de ser notada, de ser percebida, digna de honras. Reconhecer e atentar-se às suas, às nossas origens, pois os povos originários, ricos em simbolismo e significado, vão além de simples festividades, de celebrar os ciclos, as transições de uma vida, a cura e o restauro da harmonia: “Como sistemas culturalmente construídos de comunicação simbólica, os ritos deixam de ser apenas a ação que corresponde a (ou deriva de) um sistema de ideias, resultando que eles se tornam bons para pensar e bons para agir – além de serem socialmente eficazes”.
Celebrar as conquistas é fundamental para qualquer empreendedora. Não apenas serve como um reconhecimento do trabalho duro, para além de um impulso para continuar, um olhar para aquele tijolo fundamental que te mantém.
Permita-se sentir orgulho de cada passo dado. Comemorar suas vitórias, por menores que sejam, nutre o espírito empreendedor e alimenta a chama da paixão que impulsiona seu negócio.
Afinal, se você não valorizar as suas conquistas, quem valorizará?
Foto da Capa: Freepik
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