Se você anda se sentindo meio tonto, esquecido, com dificuldade de processar informações, saiba que não está sozinho. Some a isto um quadro geral de ansiedade, e reconhecemos um cenário de amplitude global.
Entre os gaúchos, o Burnout pós-enchente encontra duas saídas – é medicamentosamente anestesiado, ou ignorado até que o adoecimento tome corpo, mente e ambiente. Entretanto, as opções são escassas, sob o chicote do Capitalismo que a tudo e todos consome. Produzir é preciso e viver não é mais precioso, diante da pressa da indústria 5.0. Logo será 6.0 e precisamos correr, como ratos em uma daquelas rodinhas. A sensação é de que podemos sentir o bafo da obsolescência em nossas nucas. A cada crise, uma avalanche de novidades e unidades ultrapassadas.
A sensação é a de “quase” condenados, no corredor da morte, aguardando o momento fatídico em que a IA – ou uma outra tecnologia – virá substituir nossa profissão e até nossos papéis sociais. É preciso estar atento e em atualização constante – lifelong running.
Mas esta avalanche chocante de inovação não nasceu neste século. Em 1970, Alvin Toffler lançou “Future Shock”, um livro que introduziu o conceito de “choque do futuro”. Este termo descreve a desorientação e o estresse que as pessoas sentem diante de mudanças rápidas e profundas na sociedade. Toffler argumenta que a aceleração das mudanças tecnológicas, sociais e culturais está transformando todos os aspectos da vida moderna, exigindo uma adaptação contínua.
A sobrecarga de informação é um dos principais fatores do “choque do futuro”. Com a explosão da internet e das redes sociais, somos bombardeados diariamente com uma quantidade imensa de dados. Essa avalanche informacional pode ser avassaladora, dificultando a capacidade das pessoas de processar e utilizar essas informações de maneira eficaz.
Essa rápida mudança e a sobrecarga de informação podem levar a sentimentos de desorientação e ansiedade, afetando a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Instituições tradicionais, como a família, a educação e o governo, também são profundamente impactadas, muitas vezes incapazes de acompanhar o ritmo das mudanças. Isso resulta em crises institucionais e na necessidade de reformas urgentes.
Diante de tal cenário, deixo a pergunta: como Porto Alegre – enquanto Cidade Educadora – pode contribuir para a adaptação de seus cidadãos a estes futuros galopantes, combatendo adoecimentos humanos e ambientais e promovendo ambientes, interações e relações mais saudáveis?
Lembrando que esta Porto Alegre não é senão o conjunto de seus cidadãos e atores não humanos, suas crenças e relações sociais, econômicas e políticas. E este é ano de eleição. Vote com atenção.
Tatiane Reis é Cientista da Aprendizagem, Articuladora de Inovação da Rede Municipal de Porto Alegre, lotada na Emef Porto Novo; Licenciada em Letras, especialista em Mídias na Educação e mestranda de Design Estratégico. Voluntária do Porto Alegre Cidade Educadora, coordenadora do GT Educação Fora da Caixa e articuladora do POA Inquieta (Resíduos e Moda Sustentável).
Foto da Capa: Freepik
Todos os textos dos membros do POA Inquieta estão AQUI.