Todo mundo tem problemas. O problema do problema é o quanto você dá de importância pra ele. Na minha vida, teve os que joguei pra baixo do tapete e só piorei, outros que coloquei fermento e aumentei até darem cria. Teve os terceirizados – que não eram meus e que assumi, sabe-se lá por quê. Também teve os que antecipei, criei, fantasiei e aumentei. Mas teve os que resolvi, alguns com maior, outros com menor facilidade.
Tem problemas que são realmente sérios, sem solução fácil ou possível e passível de um final sem dor. Esses merecem muita reflexão e planejamento para lidar e, talvez, minimizar os impactos, especialmente os que fogem ao nosso controle.
Tem problemas que se você foge só aumentam, onde a negligência é uma péssima estratégia e ignorar não é uma opção saudável. Nesses casos, apoio de profissionais são essenciais, pois um problema real e não resolvido é um mosquito vivendo na sua cabeça e zumbindo constantemente, até que você, muito provavelmente, enlouqueça ou tome decisões e atitudes desesperadas.
Mas tem uns problemas que são tão simples de resolver que nem problema são, e que só um mala sem alça consegue transformar a situação, às vezes até feliz, num perrengue.
Teve uma época em que convivi com uma pessoa assim, e mesmo me distanciando, um fato inesperado nos aproximou. Pensei: o tempo melhora as pessoas, não vai dar ruim. Que tansa! O acontecido envolveu várias pessoas que não tinham contato há anos, e uma certa felicidade estava no ar. Isso até o colecionador de problemas chegar e azedar tudo. Não contente em incomodar o grupo, o problematizador irradiou seu raio perrenguizador para pessoas além, trazendo opiniões de problematizadores desconhecidos e, adivinhe, mais problemas! Depois de um início de dor de cabeça e até enxaqueca em alguns, usei um dos benefícios que a idade me trouxe: ignorar inutilidades, falar pouco e oferecer a opção da pessoa se afastar.
Aparentemente minha estratégia funcionou e o problematizado sossegou, porque a verdade é que a gente não tinha um problema pra resolver até ele trazer um saco repleto deles e jogar na nossa cabeça. Aparentemente pedir objetividade esvazia o discurso de quem quer palco, pau e porrete.
O fato é que problemas são como a barriga da gente, quanto mais alimenta, mais cresce, e quanto mais bobagem e por mais tempo ingerimos pela boca ou mente, mais difícil fica de se livrar do peso extra.
Relativizar e colocar as coisas em perspectiva na vida são uma boa forma de iniciar a resolver. Meu exemplo (não conselho) pra você é de que não deixe um ou vários problemas se tornarem de estimação, resolva e move on, avanti, siga em frente. Por mais que algumas coisas já fizeram parte da sua vida, tem a hora de deixar ir embora, de se desprender, de sacudir os problemas e seus hospedeiros feito poeira e de dar a volta por cima. Porque gente resolvida, não cria problema pros outros resolverem, e problemas verdadeiramente sem solução, solucionados estão.
Foto da Capa: Freepik
Mais textos de Anna Tscherdantzew: Clique Aqui.