Ao longo da história, o mundo já passou por reviravoltas tão rápidas que dão um nó na cabeça dos historiadores. Lembra dos tempos da escola quando você estudou a Revolução Francesa? Aquela que proclamou que “os homens nascem e são livres e iguais em direitos”, cortando os privilégios da nobreza, como a isenção de impostos e a prerrogativa de cobrar tributos dos camponeses sobre suas terras. Outras inovações sociais e tecnológicas também mudaram o curso dos acontecimentos de maneira rápida. Hoje, pode ser que estejamos prestes a assistir mais um episódio de “Mundo em Transformação”, mas desta vez sem uma revolução social, sem os efeitos especiais das inovações tecnológicas radicais e sem o barulho dos tanques de guerra.
Até agora, o comércio internacional é obrigado a usar o sistema SWIFT (sistema que permite transferir dinheiro entre países) – controlado pelos EUA e com transações em dólar. Mas aí veio o Trump II, que com o seu “tarifaço” tocou o pavor em todo o mundo. Para enfrentar essas maluquices, cada país, região ou bloco econômico passou a buscar novos parceiros. Aí entra a ação dos BRICS, como é chamado o bloco formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que hoje já agregou Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, e tem outros que estão na fila de entrada. Essa parceria vai além de transações comerciais; é uma articulação político-diplomática conhecida como “Sul Global”.
O que fizeram os BRICS? Aproveitaram esta confusão global, as ameaças e recuos de Trump, para acelerar a implantação do BRICS PAY, que é uma espécie de PIX para pagamento de transações comerciais internacionais. Por exemplo, o Brasil poderá vender soja para a China sem precisar passar pelo sistema SWIFT e sem converter os valores em dólar. Será utilizada a tecnologia blockchain para agilizar tudo, transformando dias de espera em minutos para confirmar a transação.
E o que o Trump diz disso? Ele já avisou que, se o dólar deixar de ser a moeda usada nas transações comerciais internacionais, será o equivalente aos EUA perder uma guerra e ameaçou taxar em 100% quem se atrever a criar uma nova moeda. Os BRICS são “mineirinhos”, comem quietos, estão fazendo tudo sem alarde. O BRICS PAY não é uma nova moeda, mas eles sabem que o Trump vai chiar. Mas será que ele terá força para novas sanções? As ameaças parecem que já não assustam tanto. Falando em números, em 2024, os BRICS representavam 36,7% do PIB global, 24,5% das exportações mundiais e abrangiam 45,2% da população do planeta.
Mas, afinal, como isso afeta a vida de nós, brasileiros? A previsão é de que, operando no novo sistema, a economia brasileira tenha mais crescimento, novos investimentos e aumentem as exportações. O Brasil, que é um dos líderes dos BRICS, foi reconduzido para um segundo mandato na presidência do Banco BRICS, tendo à frente a ex-presidenta Dilma, o que a posiciona entre as mulheres mais poderosas do mundo atualmente.
Em resumo, o impacto do BRICS PAY é só a ponta do iceberg de muitas transformações que estão por vir. Estamos vivendo décadas em semanas. China, Japão e Coréia do Sul, que eram rivais, estão formando um bloco econômico. O império americano vem mostrando sinais de enfraquecimento, poderá acabar a unipolaridade e a existência de uma única superpotência. O mundo pode estar prestes a operar de um jeito bem diferente. O BRICS PAY vai dar certo? Será bom para nós? Não sei! Mas uma coisa é certa, nas relações – sejam pessoais ou comerciais – o segredo é a confiança, a reciprocidade e o respeito. Porque, convenhamos, ninguém quer se relacionar com quem é arrogante, trata os outros com desprezo e dita as regras.
Referências:
- TBS News: Can BRICS Pay become a challenger to SWIFT?
- Papo Global: Trump leva GOLPE DURO: aliados despejam US$390 bilhões em títulos e abalam economia dos EUA!
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Foto da Capa: Divulgação