Sou Eliane de Souza Dutra mais conhecida como Nani Dutra, ativista social, produtora cultural. Faço parte de vários coletivos de Porto Alegre, entre eles o Ponta Cidadania e o POA Inquieta. Tive o prazer de fazer parte do GT Curadoria Cultural do I Congresso Popular para Educação e Cidadania. O evento aconteceu dias 26, 27 e 28 de agosto de 2022, na Vila Planetário, na Bom Jesus e no Morro da Cruz. Vou contar aqui o que rolou porque estamos preparando a programação do segundo congresso. Este ano, novas atrações integrarão as atividades. Provavelmente, haverá atividades em um bairro da Zona Norte e no Quilombo Areal da Baronesa, pelo menos.
Minha fiel escudeira, Negra Jaque, e eu tivemos a missão de coordenar esse GT e planejar as atrações culturais do congresso nos três dias de congresso. Para nós, as manifestações culturais são importantíssimas dentro do Congresso Popular de Educação e Cidadania. Elas retratam a realidade de cada local e oferecem a oportunidade para os grupos se apresentarem.
Na Vila Planetário, onde foi a abertura, tivemos o cerimonial de abertura do congresso e aquele rock and roll que nos remeteu aos anos 90 com cantor Sebah. O Dj Ignácio animou as trocas de apresentações. O Rapper Gangster trouxe a cultura Hip Hop, fazendo suas rimas através do seu rap típico da cultura periférica de rua. A poetisa Fatima Farias trouxe seus poemas com suas rimas, sua manifestação poética das coisas da vida. O grupo infantil de ballet da ONG Misturaí encantou a todos com sua leveza, sua coreografia executada com tanto empenho por crianças com um sorriso no rosto e a dança na ponta do pé.
O coletivo Samba do Irajá veio com sua roda de samba. Ninguém ficou parado e a pista, digo, quadra lotou. Todo mundo cantou músicas que estavam na boca e no pé da galera. No final, fizeram uma apresentação que mais parecia uma prece. Todos os presentes deram suas mãos e cantaram juntos, emanando uma energia fortíssima.
O encerramento ficou por conta do projeto Areal do Futuro conduzido pelo mestre Paulinho. A criançada deu um show na bateria e com a evolução de seus destaques fazendo um carnaval de blocos de gente grande.
No segundo dia, na Bom Jesus, ensolarado e quente, iniciamos cedo a montagem dos stands da feira de empreendedorismo e a da exposição do fotógrafo Jader Pxoto, intitulada Lanceiros Negros. A mostra retratava homens negros da atualidade. O fotógrafo perguntou para cada um de seus escolhidos para o clic qual seria a sua arma em caso de uma guerra hoje.
Ainda tivemos a exposição “Nossa Negritude, Distintos Olhares”, surgida a partir do movimento do ato do museu do negro. As imagens retrataram a beleza da negritude pelos fotógrafos que assinaram a exposição. Logo após a abertura do segundo dia do congresso, a escola Mariano Beck, que sediou o evento, fez uma apresentação teatral onde mostrou um pouco do protagonismo juvenil periférico.
E mais, ao meio-dia, para encerrar as rodas de conversas da manhã foi a vez o rapper Delgado encantar a todos com sua apresentação de freestyle, um estilo de rimas do rap onde o artista rima conforme elementos que vão o inspirando na hora.
Depois do almoço que foi servido a todos, voltaram as rodas de conversa. E antes da programação acabar, tivemos mais atrações culturais, como a Batalha de MCs. Teve a batalha da Bonja, apresentada pelo MC Gui. Participaram dos duelos, MC Delgado, MC Fidelix, MC Drop e Soliff. Optamos por não escolher vencedores. A premiação foi dividida entre todos os participantes.
Logo depois, foi a vez do artista Pantera fazer sua apresentação teatral para provocar a reflexão sobre a conscientização social. Ainda teve apresentações das bandas Família Resistente, Terminal 470, grupo show da Escola de Samba Copacabana e o lendário Grupo de Rap Revolução RS. Assim encerraram as atividades do congresso.
No outro dia, domingo, às 7h, já estávamos a todo vapor remontando o cenário básico do congresso, nossa feira, novas exposições e o cofee break para esperar os congressistas, na Escola Morro da Cruz. E bem diferente do dia anterior, estava muito frio. Frio e ventoso. Lá tivemos a abertura dos trabalhos, rodas de conversa e as atrações culturais foram rappers, Negra Jaque, Gangster, MC Wago, o cantor pop Dih Gonçalves, o grupo de dança do CTG Estância Pasqualetto e o Grupo Show da Escola de Samba Filhos da Candinha, que encerrou o nosso congresso com chave de ouro.
*Nani Dutra Produtora cultural, integrante do Ponta Cidadania e Poa Inquieta