Esse chavão foi consagrado na noite de terça, dia 29 de outubro, no auditório da Faculdade de Educação da UFRGS, durante o lançamento da segunda edição da revista Todo Dia é Dia da Natureza e da apresentação dos trabalhos para realização do Atlas Socioambiental de Viamão. A revista foi produzida e editada por mim e estou coordenando a produção editorial do atlas. A promoção do evento foi do Fórum de Educação Ambiental de Porto Alegre, da Faced (Faculdade de Educação da UFRGS) e da equipe de produção da revista.
Convergência gera potência também sintetiza o que rolou na roda de conversa no Ilhota Hub promovida pelo POA Inquieta no sábado, dia 26, na Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). O encontro demonstrou o quanto precisamos honrar a semeadura da inesquecível Monica Riffel, que abriu caminhos para que isso acontecesse.
Esses dois momentos têm um simbolismo histórico muito significativo diante do atual momento. Representam para a sociedade, para as futuras gerações, para o Rio Grande do Sul, grandes avanços. Eles tratam do quanto precisamos unir pessoas engajadas para transcender diferenças e fazer as coisas acontecerem para o bem de todos, todes, como acharem melhor.
E também, como salientou o professor Rualdo Menegat em sua apresentação sobre o atlas, o quanto é urgente sabermos usar “a inteligência social local”. A capital e Viamão têm núcleos, organizações de muito conhecimento, gente capaz que atua de forma dispersa. E essas duas situações expressam o quanto é possível nos unirmos para fazer o que dá, apesar de tudo!
Estamos vivendo um momento civilizatório permeado de rupturas, de incertezas promovidas por um desenvolvimento industrial que gera uma sociedade com riscos impensáveis por todos os lados. Hoje isso é muito mais nítido e presente do que no tempo em que Ulrich Beck lançou o consagrado livro Sociedade de Risco, em 1986. Esse sociólogo alemão é uma das minhas fontes de leitura do Mestrado em Comunicação.
Se hoje estamos mergulhadas em inúmeras dificuldades, agravadas pela emergência climática (infelizmente mais eventos extremos virão), é crucial que tentemos ser felizes, que tentemos fazer acontecer dentro dos nossos limites o que está ao nosso alcance. É imperativo que aqueles que já se deram conta do quanto estamos numa espiral de desconstrução de conquistas daquilo que o dinheiro não compra, entrem em algum circuito para deixar o mundo um pouco melhor do que está.
Viamão, um município enorme, mais de três vezes o tamanho de Porto Alegre, constitui ambientes naturais, muita história e uma sociodiversidade que precisa ser reconhecida por todos. E está bem próximo de conglomerados urbanos, paraísos, modos de viver e iniciativas que indicam o quanto esse território tem potencial para um desenvolvimento comprometido com um futuro sustentável. E tem muita coisa que rolou em Viamão que serve para aprendermos com o passado, entre elas a consolidação do Parque Estadual de Itapuã. Essa Unidade de Conservação só saiu do papel porque um grupo aguerrido de jovens criou a Comissão de Luta pela Efetivação do Parque Estadual de Itapuã (Clepei) nos anos 80 com representantes de várias organizações, entre elas a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
O Ilhota Hub, cuja inauguração oficial está prevista para 14 de novembro, é um espaço para articulação e apoio a empreendedores negros que propiciará oportunidades em vários sentidos para a sociedade porto-alegrense. É um dos resultados de uma série de contatos, conexões entre as distintas tribos que integram o coletivo POA Inquieta. Mais uma prova de que precisamos sair das nossas bolhas, saber dialogar e conversar com quem vive num universo diferente do nosso. Tenho aprendido com o Cristiano Barcellos, um dos vice-presidentes da ACPA, o quanto devemos aprender com a história trilhada pelos negros na Capital.
Está mais do que na hora de apontarmos nossas lanternas para as coisas boas que estão acontecendo. Pois, no mínimo, em vez de ficarmos chorando pelo leite derramado, é necessário refletir sobre o tamanho da vasilha em que colocamos o líquido, sobre o tipo de chama que provocou a fervura, sobre o quanto andamos desatentos em esquecer de desligar o botão antes dele derramar.
Clique aqui para conferir a versão digital da segunda edição da revista Todo Dia é Dia da Natureza.
Abaixo vão algumas fotos do significado do evento do lançamento da revista. Tudo isso só foi possível porque gente que, mesmo sem se conhecer direito, estabeleceu laços de confiança, de respeito em nome do bem comum.
Fotos: Ramiro Sanchez (@outroangulofoto) / Divulgação
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