Estamos em janeiro, mês que falamos de saúde mental, mas também do verão brasileiro, um momento perfeito para se reunir com a galera, sair e curtir a vida. Esses momentos de conexão social são super importantes para o nosso bem-estar e para a nossa felicidade. Não é por acaso, porque várias pesquisas mostram que manter bons relacionamentos é fundamental para a nossa saúde mental e física.
Solidão x estar sozinho
Por outro lado, a solidão pode fazer mal, de verdade. Mas o que é solidão, afinal? Psicólogos e especialistas em comportamento explicam que estamos falando de um isolamento doloroso, diferente de simplesmente estar sozinho. A solidão é o sentimento ruim de não ter os tipos de conexões que gostaríamos de ter com as outras pessoas.
Os pesquisadores costumam fazer pesquisas para medir como as pessoas se sentem em relação à solidão. Perguntam se elas moram sozinhas, quanto tempo passam com os outros e se sentem sozinhas. O interessante é que as pessoas podem responder de formas diferentes quando se fala de estar isolado fisicamente ou de sentir que não tem ninguém para conversar.
Solidão é ruim
O que os estudos têm mostrado é que a solidão está relacionada a uma piora na saúde física e mental. Ela pode levar a doenças, aumentar o risco de morte e piorar a saúde mental, com mais chances de depressão, demência e até menos felicidade. Em muitos casos, a solidão é algo que piora com o tempo.
Conexão social é boa
Pesquisas de longo prazo, como o famoso estudo de Harvard, que acompanha a vida de um grupo de pessoas há mais de 80 anos, mostram que a chave para a felicidade e saúde é manter relações sociais saudáveis. Pessoas que têm bons amigos e familiares ao redor tendem a ser mais felizes e viver mais. Ao contrário, quem se sente sozinho tem mais chances de enfrentar problemas de saúde e de viver menos.
Além disso, a busca pela felicidade nem sempre é sobre buscar coisas materiais, como dinheiro. Muitas vezes, o que realmente faz a diferença na nossa felicidade são os nossos relacionamentos. Viver cercado de amigos e familiares tem um impacto enorme na nossa saúde emocional.
Viver só pode ser bom
Por outro lado, viver sozinho não é sinônimo de estar sozinho ou se sentir solitário. Em países com boas redes de apoio social, como na Escandinávia, muitas pessoas moram sozinhas, mas têm um forte suporte de amigos e familiares, o que ajuda a combater a solidão. Já em países mais pobres, as pessoas que vivem sozinhas podem enfrentar mais dificuldades devido à falta de serviços e apoio.
Enfim, as relações sociais são essenciais para o bem-estar, e é importante termos isso em mente, especialmente em um mundo onde cada vez mais pessoas moram sozinhas.
Esse é um desafio também para as políticas públicas no Brasil, que precisam garantir que todos tenham apoio, especialmente as pessoas mais vulneráveis, idosas que moram sozinhas.
Essa texto é baseado no artigo publicado no site da Universidade de Oxford.
Mudando de saco pra mala, falarei sobre o CPF na Nota
No episódio CPF na Nota, do podcast Rádio Novelo Apresenta, uma das histórias contadas pela jornalista Vanessa Barbara sobre a relação tóxica vivida há cerca de 15 anos e de como se livrou dela, a partir da descoberta do grupo de 14 amigos jornalistas e profissionais da área editorial, intelectuais e progressistas. Eles compartilhavam traições amorosas, experiências sexuais, detalhes íntimos das mulheres com quem se relacionavam e, quando não mais tinham interesse nessas mulheres, incentivavam a troca entre eles. Puro suco de misoginia e machismo.
Boa moça, pra quem?
Agora, quinze anos depois, quando corajosamente ela revelou esses fatos publicamente, o rebuliço se fez. Como se o silenciamento fosse o “comportamento certo”. Afinal, é o esperado das meninas boazinhas, né? Fica quietinha. Esqueça, tudo passa, perdoa. Felizmente, ela não fez o esperado e, falando, pode alertar a outras mulheres que estão passando por esta situação, neste momento, mostrando haver saída.
Parece, mas será que é?
Tristemente, vejo muitos atacando a Vanessa, ainda percebo muitos deslegitimando a palavra da vítima, assim como em outros casos de violência sexual e doméstica. “Cadê a prova? Tem alguma?” “Mas ela era uma ninguém e ele era um rapaz de família tão boa…” “Ele fez tanta coisa por ela. Uma ingrata.” “Mas naquela época, casamento não era assim mesmo?”.
Entre quem ataca, fico particularmente chateada ao verificar a quantidade de mulheres apoiando esse grupo de homens que há quinze anos agiram da maneira como agiram e que, agora, defendem o silenciamento da vítima.
A gente muda, mas continua
Em (quase) todos os posts do “grupo de amigos” se defendendo dos fatos revelados (imagino que orientados por advogados), está escrito que eles mudaram, são novos homens, agora maduros, incapazes de fazer aquelas atrocidades cometidas no passado distante de 15 anos atrás. Me incomodou um certo ar burocrático nessas notas.
Quer saber? Acredito na mudança das pessoas. Acredito na evolução, na transformação. Porém, nós fomos criados neste Planeta num sistema patriarcal, machista, racista, capacitista, idadista, homofóbico. Vivemos num aquário com todas essas pressões nos rondando. E por conta disso, aprendemos a ser tudo isso, para a vida toda. Podemos mudar e, para isso, há que ter vontade, dedicação, estudo, consistência. Com o tempo, a gente vai diminuindo o grau de “ismos”, mas é preciso humildade e ser atenta e forte para não cair em armadilhas e a prepotência ao afirmar que é “incapaz de cometer atos machistas, idadistas, homofóbicos…”
Como gostaria de ver essa história terminando?
- A Vanessa tendo seus livros crescendo na lista dos mais vendidos, aumentando seus seguidores nas redes sociais, dando muitas entrevistas a respeito do seu trabalho. Tornando-se uma escritora e jornalista de sucesso. Sendo visibilizada e monetizada pelo talento que tem.
- A história dela chegando naquelas mulheres que precisam ouvi-la para gerar potência de libertação e coragem.
- Homens refletindo sobre seus comportamentos e reagindo contra o seu machismo.
Políticas de diversidade acabaram?
Recentemente, foi noticiado o afrouxamento e cancelamento de políticas de diversidade em algumas das grandes empresas americanas, como Boeing, Meta, Ford, Walmart, entre outras. Fica uma luz amarela piscante por lá e outra por aqui, e a pergunta: esses programas eram apenas para “inglês ver”?
Todos os textos de Karen Farias estão AQUI.
Foto da Capa: Vanessa Barbara / Wikipedia