Cinquentona que é cinquentona já dançou muito com a Rita Lee e já colocou o filho sentado na frente da televisão assistindo Taz-Mania. A Rita ainda continua embalando alguns momentos por aqui, mas o Taz, esse, tomou conta da minha vida por um bom período de tempo.
Quando deixei de ser “bicho esquisito que todo mês sangra”, fui possuída por uma espécie de Diabo da Tasmânia. A sensação era de estar em um redemoinho de sensações e sentimentos que nunca tinha fim. Era um tal de: Tô com frio, que calorão! Não quero fazer nada, esqueci o que estava fazendo… Ninguém me deixa em paz, tô muito triste hoje, me dói o corpo todo, por que você não me entende? Tenho fome. Não consigo dormir. Você pode repetir?
Era assim.. dia após dia, noite após noite. Eu era a personificação da personagem do desenho animado.
Se você já passou, ou está passando por isso, sabe bem do que estou falando. O fato é que não fomos preparadas para enfrentar a menopausa. Mesmo sendo apenas mais uma fase da vida, ainda é um universo desconhecido para muitas mulheres e um tabu para tantas outras. Mais do que isso, é um sofrimento desnecessário.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um bilhão de mulheres estarão na menopausa até 2030. Geralmente os primeiros sintomas surgem entre os 45 e 51 anos, mas também podem ocorrer antes ou após essa faixa de idade.
O declínio hormonal vai te levar a uma viagem em uma “montanha russa” cheia de loopings. Cada uma de nós vai viver esta fase de forma muito particular e com intensidades diferentes, porém a falta de informação ainda é a grande inimiga e é justamente por isso que muitas mulheres não buscam tratamentos para minimizar os sintomas.
A saída? Conversar mais sobre o tema e normalizar o fato de que nosso corpo deixará de produzir os hormônios femininos mais cedo ou mais tarde, e está tudo bem! Aliás, ainda bem que acontecerá, pois só existe uma maneira de não enfrentar a menopausa e isso ninguém quer, concorda?
Enfim, você parou de menstruar e tem que encarar a realidade: ELA chegou e vai bagunçar a sua vida e a sua cabeça também. É natural, mas mexe com a gente. Cientificamente, antes tem o climatério, que é quando a menstruação começa a ficar irregular e os primeiros sintomas aparecem. Para mim foi mais ou menos assim.
Sabe aquele viço na pele? Dei adeus a ele e oi para as ruguinhas, olheiras e uma certa flacidez generalizada.
O peso começou a aumentar, na mesma proporção que a autoestima ia embora. Era um cansaço e uma insônia… Tudo junto. Incoerente? Sim, porém nesta fase nada parece fazer sentido. Calor, frio, calor, frio, CALOR! O tal fogacho te leva à loucura.
Não me lembro de ter suado assim nem mesmo nas horas mais loucas entre os lençóis, que, diga-se de passagem, começaram a ficar menos frequentes. Tudo isso foi um pouco desesperador. Trágico e cômico ao mesmo tempo. Comecei a ler uma infinidade de estudos e procurei saber como outras mulheres encaravam o assunto. Mudei hábitos, alimentação, estilo de vida. Busquei ajuda profissional e me encontrei na Medicina Integrativa. Hoje faço modulação hormonal bioidêntica e suplementação. Foi dessa forma que mandei o Taz pra bem longe e finalmente consegui sair do redemoinho. Criei até o meu manual da mulher menopausada, que está colado no espelho do banheiro.
- Lembre-se que a única coisa que você vai conseguir sem esforço é ganhar peso, o resto é luta!
- Tire o excesso de carboidrato da tua dieta na mesma medida que tira gente chata da tua vida.
- O álcool não vai resolver teus problemas, o leite também não, então bebe água como se tivesse achado um oásis no meio do deserto.
- Não aceite nada de estranhos. Como você pode não se reconhecer em alguns momentos, não aceite o doce que você quer comer.
- Quando conseguir dormir, durma como se não tivesse amanhã. Tipo urso hibernando. Uma noite bem dormida faz milagres.
- Caminhar faz bem, mas você precisa mesmo é de exercícios de força. Os músculos são fundamentais neste período da vida. Eles vão sustentar o esqueleto e te permitir dançar muito ainda!
- Ficar “fortinha” vai também ajudar a manter a independência e a capacidade cognitiva. Assim você não se esquece do que gosta e nem das pessoas que ama.
De resto, acredite: ainda há muita vida a ser vivida.