Começo pelos excessos de chuva, uma tragédia anunciada que diz muito de nós, comove, angustia, assusta e trouxe uma lembrança forte do meu avô materno, Juvenal de Oliveira Lopes, quando morávamos em Jaquirana, no interior do Rio Grande do Sul. Criança, eu escutava ele falar com propriedade: “Não morem e não construam casas em encosta de morro e beira de rio. Um dia, o morro pode desabar e o rio extrapolar suas margens”. Seu Juvenal era uma pessoa incrível e ao lado da companheira, a vó Sinhá, uma mulher forte e determinada, compartilhou com os netos valores para a vida toda. Brigávamos muito, mas tínhamos um afeto sem fim um pelo outro.
Mas vamos ao excesso de burocracia para qualquer coisa que a gente precisa fazer e que me incomodou muito recentemente. Por exemplo, contratar um serviço. Se for pelo telefone e pelas redes é de enlouquecer. É banal, mas preciso comentar. Em abril, na busca de um profissional que viesse até o meu apartamento para ajustar o botão do forno do fogão a gás que não estava funcionando/acendendo, enfrentei uma jornada cansativa. Liguei para a empresa – Brastemp, a fabricante. O atendimento inicial foi feito por um robô, ou algo do gênero, que ia me dizendo como proceder. Enviou inúmeras perguntas, já com respostas, até me dispensar depois de mais de uma hora de “enrolação” ou “tapeação”. Não contente, ainda ficou enviando mensagens, até dizer que um fulano entraria em contato comigo pelo telefone para marcar uma visita. O fulano ligou e um técnico veio avaliar o problema. O “técnico” disse que a peça precisava ser trocada, que a empresa ia encomendar e que demoraria uns 20 dias para chegar.
Paguei 60,00 por uma visita relâmpago. E pagaria pela peça a ser encomendada mais 400,00. Seguiram me enviando mensagens desnecessárias e cansativas. Ponto.
Nesse meio tempo, uma prima e um amigo vieram me dar um abraço no dia do meu aniversário. Comentei o problema do fogão e eles imediatamente foram conferir e consertaram. A pergunta que ficou no ar: que motivo levou o técnico que esteve na minha casa a não resolver o problema? É um jeito de ganhar dinheiro dos desentendidos ou ingênuos como eu? Esperteza? Incompetência? Não sei! O que sei é que há dois anos ou um pouco mais, eu ligava, falava com um ser humano e em menos de 10 minutos marcava dia e horário para a visita de um técnico que vinha e resolvia o problema. É inacreditável, mas hoje, mesmo com o excesso de tecnologia disponível, tudo ficou mais burocrático e impessoal. Confiar como?
Agora um rápido comentário sobre o excesso de notícias e de análises do que acontece por todos os cantos do mundo.
Nos meios de comunicação, especialmente programas informativos de rádio e televisão, lá pelas tantas as notícias se tornam muito repetitivas. Entendo que muitos veículos ficam dia e noite no ar e prestam um serviço essencial à população, especialmente em situações trágicas como a que vivemos com as chuvas aqui no estado. E para dar conta da programação, informar, manter e estimular a audiência, só mesmo retomando os fatos e comentando.
Por outro lado, as redes sociais extrapolam todos os limites disseminando notícias falsas e provocando discussões bizarras, não confiáveis, que nada tem a ver com jornalismo. Mas hoje tudo passa pelas redes sociais, blogs etc., muitos comandados por influencers em busca de seguidores e likes. Nada contra. Mas é um excesso que também me incomoda bastante.
Enfim! Os excessos estão dados e as pessoas replicam, muitas vezes sem saber do que se trata realmente. Fazer o quê? Buscar a informação do jornalismo feito com responsabilidade por profissionais sérios e competentes, conscientes do seu papel na sociedade.
Foto da Capa: Divulgação
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