Sempre coloquei em palestras, cursos e nas minhas reflexões sobre a creator economy e o fenômeno de influência digital que influenciar é um ato humano em rede, que vem muito antes da internet e que pode ser boa ou ruim, dependendo do contexto, ideias e disseminação de conceitos e preconceitos.
Com a internet, a influência se potencializou assim como a desinfluência, ou como nossas avós diziam a amplificação das más influências.
Muito temos ouvido sobre a cultura do cancelamento e os impactos que isso pode ter nas vidas e na carreira de influenciadores. Mas outro conceito muito semelhante e que merece tanta atenção quanto é a desinfluência digital.
Esse termo surgiu há pouco tempo, mas entender o que ele significa e como evitar entrar nesse ranking de desinfluenciadores é essencial. Este texto abaixo está no site da Squidt:
Uma breve história da desinfluência digital
Como falei antes, esse conceito é muito recente. De acordo com Bia Granja em sua coluna para a revista Exame, a discussão começou lá em 2020, junto com a pandemia do coronavírus, quando as pessoas passaram a questionar o estilo de vida de macro influenciadores e celebridades.
Em um cenário inesperado, novas contas foram abertas nas redes sociais para compartilhar conteúdos reais e relacionáveis. Com isso, o glamour dos grandes produtores tornou-se não apenas mal-visto, como também um gatilho emocional para milhares de seguidores.
Quem diria que uma pandemia mudaria tanto a maneira como consumimos conteúdos nas redes sociais? Desde então, as pessoas têm exigido cada vez mais responsabilidade dos criadores digitais pelo que eles publicam e compartilham em seus perfis. E não pensem que as marcas escapam disso.
Um ótimo exemplo para ilustrar a desinfluência digital é o caso do Monark, ex-sócio e apresentador do Flow Podcast. Em um episódio do programa, o influenciador defendeu a existência de um partido nazista, e, junto com o histórico de outros discursos polêmicos, foi a gota d’água para muitos ouvintes.
Em poucas horas, os seguidores do Flow já estavam se manifestando nas redes sociais, não apenas cobrando um posicionamento de Monark, como também do próprio podcast e das marcas que o patrocinavam. A cada minuto que eles passavam quietos, eram centenas de unfollows nos perfis.
Isso ilustra um pouco do que é o conceito da desinfluência digital. Acabou o tempo em que influenciadores e marcas podiam falar qualquer coisa na internet. Durante a pandemia, as pessoas entenderam seu valor como audiência e vão cobrar responsabilidades sociais e comportamentais dos produtores de conteúdo. Quem não estiver atento será cobrado e substituído com muita facilidade.
Como não ser um desinfluenciador digital
O primeiro passo você já tomou ao ler esse material. Para qualquer coisa na vida, antes de mais nada, é preciso entender sobre.
Agora que já conhece um pouco mais sobre a desinfluência, é o momento de revisitar seu conteúdo. As pessoas já não buscam perfis que mostrem uma realidade muito distante. Às vezes aquele post mais simples pode ser exatamente o que seu o público está pedindo.
Converse com seus seguidores, entenda o que eles esperam do seu perfil e compartilhe conteúdos que te aproximem do público. Seja verdadeiro com você mesmo.
Ao ler este post no Blog da Squidt fiquei pensando o quanto ele tangia o assunto e o coloca como um direcionamento de neutralidade para influenciadores em relação à venda de publicidade para as marcas, pois a Desinfluência não tem a ver apenas com o conceito do que é verdadeiro, mas do que é o território ideológico e de valores dos influenciadores. E aí levá-los a entender o que é um conteúdo que o aproxime do seu público pode ser temas que ele escolheu a partir das suas crenças e verdades.
A desinfluência ou influência irá conectar comunidades e redes de pessoas que pensam e admiram as mesmas posições e ideias, e ainda seduzir aqueles que estão no meio do muro, que não tiverem análise crítica para embarcar em discursos de ódio, sexismo, racismo e outras coisitas mais que andam pela internet.
Orientar seu check pela desinfluência tem mais conexão com sua revisão de valores do que com uma blindagem de polêmicas. Este é um tema emergente que iremos ouvir muito nos próximos tempos e teremos que lidar com ele para gerar um ambiente mais acolhedor e menos tóxico no digital.
Foto da Capa: Ivan Samkov/Pexels