Dia 3 de dezembro é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, esta data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992.
Dia de refletir, conscientizar e discutir sobre a situação da pessoa com deficiência, seus direitos e necessidades. Mas que bom seria se todas as diferenças fossem aceitas na sociedade como algo normal, não é mesmo? Assim, não precisaríamos ter uma data especial para estas reflexões e conscientização. E o mais importante, nós, pessoas com deficiência, nos sentiríamos normais de verdade.
Refletindo sobre as necessidades das pessoas com deficiência, acredito que as palavras-chave são ACESSIBILIDADE, OPORTUNIDADE e INCLUSÃO.
Custei um pouco para entender que, quando promovemos a acessibilidade para as pessoas, retiramos as dificuldades para a pessoa levar uma vida normal. Isto não é maravilhoso? Então, bora promover a acessibilidade para todos! E no meu caso, pessoa com deficiência intelectual, a acessibilidade está muito relacionada a promover e facilitar o entendimento e, se for preciso, dar o apoio necessário.
Mas de nada adianta termos acessibilidade se não nos derem oportunidades para vivermos plenamente. O capacitismo, não acreditar na capacidade das pessoas com deficiência, é uma das maiores barreiras para a falta de oportunidades. Por isso, acho tão importante combatermos o capacitismo e conscientizar a sociedade de que todos somos capazes, e de uma forma ou outra, todos temos nossos talentos e singularidades.
Dito isso, coloco aqui o que entendo sobre inclusão. Para mim, inclusão significa as pessoas nos aceitarem do jeito que somos e nos aceitarem no meio delas. E acreditarem que somos capazes, mas precisamos de acessibilidade, oportunidades e algumas vezes de apoio.
Penso também que a inclusão começa na família, acho importante a família acolher com muito amor e igualdade, como qualquer outro filho, a criança com deficiência. Pois acho que a felicidade e o sucesso desta pessoa dependem muito de quanto a família acredita e ama esta pessoa. O mesmo vale para as escolas, os alunos com deficiência devem ser acolhidos e recebidos com todo carinho e respeito, como todos os outros alunos. E todos os alunos devem aprender juntos, inclusive uns com os outros. Nada de aula separada para aluno com deficiência! A escola tem um papel muito grande na formação da cidadania, e cidadania se aprende no convívio com TODOS. Pois é exatamente a convivência com as diferenças que nos traz crescimento e amadurecimento pessoal.”
As escolas não precisam ficar se preparando para a inclusão, elas precisam incluir e ir aprendendo com a inclusão. Meus pais sempre dizem que fui bem melhor nos estudos quando o professor estava atento em descobrir e valorizar as minhas capacidades, do que quando o professor estava muito preocupado com as minhas dificuldades.
Ainda pensando em inclusão, não posso me esquecer da inclusão no mercado de trabalho. É preciso lembrar que o trabalho promove a dignidade e a convivência social. Então, o trabalho não deve ser negado a ninguém. Acredito mesmo que todas as pessoas são capazes de trabalhar, mas é preciso considerar os desejos e capacidades de cada uma, além de providenciar o apoio necessário.
Porque acreditaram em mim, me deram apoio e oportunidades que hoje sou formada em Design Gráfico, trabalhei 7 anos no mercado formal e hoje sou escritora, palestrante e digital influencer. Mas ainda sinto dificuldades de ser aceita com tranquilidade em muitos lugares. Por isso, acho tão importante termos datas e momentos de conscientização sobre o assunto.
Todos temos o direito de ter uma vida plena: estudando, trabalhando, tendo amigos, casando e tudo mais que a vida possa nos oferecer.
Fernanda Machado é escritora, palestrante e influenciadora digital, inspirando famílias atípicas e enfatizando a importância de acreditar nos filhos com deficiência de forma envolvedora e marcante. Seu livro "Taragô - A Origem de Nândhya Luz" recebeu o Prêmio de Literatura e Inovação do Instituto Cromossomo 21.Instagram @escritorafefe
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Foto da Capa: Fernanda Machado / Divulgação