A Diversidade e Inclusão é um tema amplo e multidisciplinar, que pode ser apresentado seja pelo olhar dos Direitos Humanos, pelo olhar da Responsabilidade Social, pelo olhar do Marketing, ou pelo olhar Financeiro para as empresas, na medida que as que a promovem irão obter maior valor, seja por qual abordagem acharem mais acertada.
Gênero, etnia e raça, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência
Hoje, felizmente, há cada vez mais empresas com olhar mais aguçado para o tema que estão fazendo seus programas. Conforme revelado em uma pesquisa, 95% dos programas de diversidade das empresas brasileiras trabalham o pilar de gênero. Logo em seguida, entram as dimensões de raça e etnia, presente em 89%, LGBTQIAP+ (86%) e pessoas com deficiência (82%).
Longevidade e envelhecimento é trend
No entanto, nada é mais moderno do que envelhecer. Esse é um tema que a Organização Mundial da Saúde – OMS, lá em 2020, já pautava como uma das 4 tendências mundiais. Se você estiver conectado com empresas que realizam estudos sobre tendências, sabe que a longevidade e o envelhecimento são tendências para a economia, consumo, comportamento…
Já somos muitos e seremos cada vez mais
No Brasil, de acordo com o Censo Demográfico 2022, a população de pessoas com mais de 60 anos era de 32.113.490 pessoas (15,6% do total), representando um acréscimo de 56,0% em relação àquela de 2010. Ainda de acordo com o Censo 2022, a idade mediana da população brasileira foi de 35 anos (idade mediana é o valor que divide a população em duas partes, a mais jovem e a mais velha) e a expectativa de vida era de 75,5 anos.
Por isso, está mais do que na hora das empresas iniciarem seus programas de Diversidade Etária. Mesmo que, de 2012 para 2023, a participação de pessoas com 40 anos ou mais na força de trabalho do país tenha passado de 38,6% para 45,1%. Porque pessoas acima de 60 anos ocupadas ainda estão em número inferior ao necessário, frente ao tamanho dessa população atual, e em posições operacionais, na grande maioria das vezes, desperdiçando seus talentos.
Quando a coisa vem de dentro
Nessa conta entra em grande parte a ideia de que pessoas com mais idade têm maior dificuldade de adaptação, são mais lentas para aprender, mais rígidas, possuem problemas com novas tecnologias, não são modernas ou inovadoras ou criativas, ou seja, acontece o tal idadismo, ou etarismo, ou ageísmo!
Aí, muitas vezes, quando o/a gestor/a passa o perfil da vaga para o/a profissional de Recursos Humanos, se perguntado/a, talvez diga que um/a candidato/a de 60 anos nem deve ser considerado/a para um cargo. Um/a profissional de RH, talvez, descarte o currículo deste/a profissional de 60+, afinal o/a candidato/a está velho/a demais!
E acredite, casos desses podem ocorrer mesmo em empresas onde a Diretoria é composta por uma maioria de pessoas mais velhas! Se a pessoa não percebe o seu idadismo, ela o transfere para o sistema, e ele se perpetua. Aí se estabelece o idadismo estrutural por meio do autoidadismo. Havendo o idadismo estrutural, é preciso que a organização tome consciência, se torne “anti-idadista” e finalmente estabeleça um programa de Diversidade Etária.
O que é a tal Diversidade Etária
Não é transformar a empresa em uma empresa de “velhos”, como talvez haja gente que fantasie a respeito. Diversidade Etária é contar com pessoas de diferentes idades em um mesmo contexto na organização. A convivência entre gerações permite que os mais novos aprendam com os mais velhos e vice-versa.
O encontro de gerações
Fala-se muito em conflito de gerações. Penso que precisamos falar em encontro de gerações e o espaço de trabalho é ideal para isso. Afinal, nem as famílias hoje estão podendo proporcionar isso, já que estão cada vez menores e cada uma morando num canto. Porém, no trabalho, mesmo o virtual, é um local rico em trocas intergeracionais e multigeracionais, onde é possível conviver e conhecer diferenças e aprender com elas. Mas como tornar isso possível? Esse é um grande desafio para empresas que implantam programas de Diversidade e Inclusão e, claro, para Diversidade Etária. Tudo é comunicação. Coloque as pessoas para se (re)conhecerem, invista na conversa. Gente é um ser social.
Uma coisa não precisa excluir a outra
Não existe uma velhice, existem velhices. E ao longo do tempo, a camada do envelhecimento acrescenta mais violências e sofrimento para aqueles que já sofriam preconceitos. E, mesmo quem nunca havia sofrido nenhum tipo de discriminação, passa a sentir com o idadismo. Pois a realidade de um homem branco de 60 anos, graduado e pós-graduado, é melhor que a de uma mulher de 60 anos, branca, graduada e pós-graduada, que é melhor do que a de uma mulher negra de 60 anos, graduada e pós-graduada. Isso para ficarmos em um exemplo onde temos apenas o atravessamento de idade, gênero e etnia. Podíamos incluir outros mais. Assim, os próprios programas de diversidade e inclusão das empresas também poderiam pensar em “misturar as figurinhas”, quem sabe? Elas, como forma de “iniciação”, quem sabe incluiriam “cotas” de pessoas 60+ em seus Programas de Gênero, LBGTQIAPN+ e Gênero?
Qual é a sua idade? Se ainda for jovem, desejo que sua vida seja longa e viva num mundo em que não seja discriminado por causa da sua idade. Para isso, espero ter provocado você a pensar sobre o assunto. Precisamos construí-lo.
Foto da Capa: Freepik
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