Lula ataca Campos Neto, presidente do BACEN, argumentando que nada explica a taxa SELIC elevada. Neto se defende no Roda Viva, com ajuda de uma colinha, dizendo que é mero coadjuvante da política econômica que está baseada em metas de inflação estabelecidas em lei. PT quer convocar Neto a dar explicações no Congresso.
Ministério da Saúde decreta Emergência Pública nas Terras Yanomamis depois de constatar situação de calamidade com a morte de mais de 570 crianças por fome, malária e intoxicação de mercúrio, enquanto o governo planeja a retirada de 30 mil garimpeiros ilegais das terras indígenas.
Lula indica que vai trabalhar com a Lei Rouanet e é atacado nas redes sociais por bolsonaristas acusando-o de dar dinheiro para artista famoso esquerdista.
Ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia anunciam que irão aumentar e reajustar bolsas de estudo do CNPq e da Capes após 10 anos de congelamento, enquanto o Ministro das Cidades relança o Minha Casa, Minha Vida para famílias que ganham até R$ 8 mil.
Brasil retoma relações amistosas com Argentina, Portugal, França, China e Portugal e anuncia que arquivou a ideia de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém acabando com o ponto de atrito com os árabes.
Ministro das relações exteriores informa que Brasil não participará mais do Fórum Internacional em Defesa da família heterossexual estabelecido entre seu Jair e o fascista Viktor Orbán da Hungria.
Há 4 anos o governo começava com o presidente da república perguntando nas redes sociais o que significava Golden Shower após postar um vídeo no carnaval onde um homem colocava o dedo no ânus do outro e depois mijava na sua cabeça.
No Twitter, Weintraub, Ministro da Educação, chamava a mãe de uma usuária de égua sarnenta e desdentada e mandava outro procurar o pai. É o mesmo ministro que, na pandemia, com o Brasil precisando de insumos pra vacinas e medicamentos, postou comentário xenofóbico contra China, maior parceiro comercial do Brasil, estereotipando o sotaque asiático e dizendo que a crise sanitária era um “plano infalível” pra ela dominar o mundo.
O mesmo patriota comparou a atuação da PF em busca e apreensão contra bolsonaristas no inquérito das fakes news com a Noite dos Cristais nazista; disse que as universidades federais faziam balbúrdias e teriam plantações extensivas de maconha, ao mesmo tempo em que contingenciava verbas educacionais.
Enquanto isso, o operoso Ministro da Educação, deixou a míngua de planos e estratégias a Política Nacional de Alfabetização – uma das áreas apontadas como cruciais pelo seu próprio governo e, nem as tão faladas escolas cívico-militares, outra bandeira do MEC, saíram do papel.
Já a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse, maravilhada, em um evento conservador, que “ninguém tinha lhe oferecido maconha e nenhuma menina havia enfiado um crucifixo na vagina”, enquanto em outro evento denunciava o tráfico internacional de crianças brasileiras que tinham os dentes arrancados e recebiam dieta pastosa para facilitar o sexo oral e anal.
Enquanto 570 crianças yanomamis morriam desamparadas, Damares ensinava candidamente que meninos deveriam usar azul e meninas rosa.
Na Secretaria Especial da Cultura, Roberto Alvim fazia vídeos com visual nazista, som de Wagner e uma foto do seu Jair ao fundo, tudo isso enquanto cortava as verbas da cultura. Regina Duarte, sua sucessora, disse que a cultura é “aquele pum produzido com talco espirrando do traseiro do palhaço” e manteve os artistas sem verba durante a pandemia. O sucessor de Regina, André Porciuncula, decidiu usar a Lei Rouanet em dois grandes eventos em que a “princesa é a arma de fogo”: “Pela primeira vez vamos colocar dinheiro da Rouanet em um evento de arma de fogo, vai ser superbacana isso”.
Vacina causando AIDS, transformando gente em jacaré, negação do desmatamento da Amazônia, agressão à mulher do presidente francês, a lista de feitos do governo anterior é ampla.
Comemorar o novo governo não é uma questão de gostar do Lula, é apreciar o retorno à civilização, abandonar a Alta Idade Média rumo a um pós-modernismo realista.
É se libertar de uma seita no melhor estilo Jim Jones, onde milhares abandonam qualquer racionalidade sindicável e se mudaram para a esquizofrenia paranoide, numa corrida maluca contra a mamadeira-de-piroca, comunismo, Foro de SP, gayzificação, fim da família, extinção da religião, transformando o contingente em principal e vivendo na órbita de fragmentos de realidade pinçados por algum blogueiro bolsonarista com notórios problemas mentais.
Enquanto o delírio rola desenfreado, alimentando e retroalimentado por redes sociais manipuladas pela extrema direita, a realidade vai se perdendo, tornando-se coisa de comunista, então a fome de milhões de brasileiros virá coisa da esquerdalha, a crise yanomami é uma fraude criada por venezuelanos e, o Brasil pária internacional, é uma distinção de quem combate o mainstream do globalismo-satanista.
Uber se torna empreendedor, não um cara fudido que, sem conseguir um emprego formal, tem de se prostituir pra um aplicativo explorador e, se faltar dinheiro pra pagar as contas, isso tem a ver com a meritocracia ao invés da bosta que se tornou o país.
E o zumbi passa a acreditar nisso através de influenciadores como Regina Duarte, aquela pensionista solteira de militar; da família Bolsonaro que, desde os primórdios, vive pendurada nas tetas do estado para mamar de todas as formas possíveis e imagináveis; de militares golpistas alimentados pelo estado a picanha, leite condensado e pouco trabalho.
As pautas do novo governo são minimamente civilizadas sem entrar no mérito delas.
O PT é um partido que não evoluiu com a esquerda mundial, vive atormentado por seus dogmas pós-guerra fria, não se renovou como seus congêneres europeus.
Lula entrará pra história como um dos maiores estadistas deste país, apesar do seu pouco estudo formal, o que não significa que será a estrela de antes para esse terceiro mandato. Ele envelheceu e, diferente dos partidos, isso é seu direito inalienável.
Uma coisa é certa, a civilização venceu, venceu como deu e, se o gol foi de mão, pouco interessa, o que importa é que os brasileiros recomeçaram a andar com os membros superiores longe do chão.