Desde o início da campanha eleitoral para governadores e presidente venho alertado para o seguinte ponto: não há sugestões de políticas públicas para adesão dos 50+ ao mercado de trabalho. O tempo passou, candidatos foram derrotados e estamos há poucos dias de decidir quem serão os líderes do país pelos próximos quatro anos. Estamos prestes a nos deparar com uma realidade de profissionais sendo retirados do mercado de trabalho por puro e simples etarismo e não há uma proposta estruturada no governo federal para solucionar essa questão e promover a diversidade no ambiente de trabalho.
No contexto corporativo, o termo refere-se ao conceito de abranger colaboradores de diferentes faixas etárias em um mesmo ambiente de trabalho. Assim, se gera uma pluralidade de perfis, o que ajuda na formação de ideias. A diversidade no ambiente empresarial é um assunto que tem chamado a atenção dos recrutadores nos últimos anos. Dispor de uma equipe plural é um compromisso assegurado por grande parte das empresas. Nos processos de recrutamento, é possível se deparar com profissionais de diferentes gêneros, raças e orientações sexuais. Contudo, pouco se ouve falar sobre a preocupação de proporcionar a diversidade geracional.
Adotar práticas que estimulam a diversidade geracional, gera vantagens tanto para a empresa quanto para os colaboradores. Segundo uma pesquisa realizada pela Forbes, 85% das empresas acreditam que essa diversidade resulta em uma maior inovação de ideias. Mas infelizmente esse percentual não é visto na prática, tendo em vista que um levantamento do site Empregos.com.br mostra queda de 32% entre 2021 e 2022 na quantidade de vagas abertas para profissionais com idade a partir de 50 anos. Atualmente, a plataforma tem 85 mil candidatos 50+ e somente 372 vagas para essa faixa etária.
Mas por que o assunto não é abordado pelos candidatos? Temos indícios que o assunto impacta diretamente as empresas. Dados da Forbes ainda mostram que equipes inclusivas tomam decisões de negócios em menos tempo, atestam mais produtividade, minimizam o tempo gasto em reuniões e geram resultados 60% melhores. Além de colaborarem para a diminuição do absenteísmo e da rotatividade. Isso porque a maturidade dos colaboradores mais experientes traz um senso mais desenvolvido de comprometimento e de responsabilidade que influencia positivamente os mais jovens. O que proporciona uma troca saudável para a equipe e uma maior retenção de talentos para a empresa.
Por isso, ao estimular essa prática é importante que os gestores tenham políticas muito bem definidas de inclusão de profissionais mais velhos nos processos seletivos, com diretrizes claras de que a idade dos trabalhadores não influencia no desempenho. Inclusive, pelo contrário, amplia muito os horizontes de contratação e estimula a inovação dos negócios.
Por isso que afirmo, com a certeza, que precisamos debater sobre o assunto e domingo é o dia D para os profissionais que estão no grupo dos 50+ e que precisam de reinserção no mercado. Quando falo isso não faço distinção entre um candidato ou outro, apenas reforço a fundamentalidade do assunto. Não defendo candidatos e muito menos abraço políticos em campanha, apenas digo: pesquise e estude em quem irá votar. Domingo é muito mais que apenas clicar em algumas teclas, é decidir o seu futuro.
A lição que devemos tirar de todo processo eleitoral e todo desenvolvimento de campanha nesses meses é que cada vez mais precisamos de entidades e instituições que defendam causas como esta. Infelizmente vivemos uma realidade em que mandatários defendem causas que geram voto e que esquecem, por vezes, parcelas importantes para a sociedade. Justamente por isso, assim que assumi como presidente do Sindaergs, tornei a defesa dos 50+ uma das minhas principais missões. Profissionais precisam de apoio para o seu desenvolvimento e inserção no mercado, por isso que trabalhamos todos os dias, por um país melhor para todos.