Em ARQUITETURA, arte maior criada pelo e para o ser humano, há sempre novas e variadas perspectivas a considerar sobre a conceituação e elaboração do espaço criado e materializado. Afinal, seu objetivo precípuo.
Fundamentada em conceitos e teorias a partir do ser e do estar do humano e do seu entorno, natural ou idealizado, sempre teve o homem como centro irradiador, realizador e objetivo final. Seu conceber engloba tal grau de conhecimentos e sensibilidades, que arte e técnica, matemáticas e poesia, emoção, paixão e economia estão presentes, quando um bom projeto é bem materializado; sem deixar de contar — como não? — com o inusitado e o improviso.
Um caso: o Centro Georges Pompidou, complexo cultural, museu e biblioteca, inaugurado em Paris (1977).
No projeto dos arquitetos Ernst Rogers e Renzo Piano, mais o engenheiro Ove Arup, à arte de projetar contemporânea foi introduzido um novo fator conceitual com a presença inequívoca do realismo estrutural. Tecnologia, agora, é característica impositiva à função e fruição do fato arquitetônico.
O sucesso de público foi tal que, logo, se fez necessário restringir o número de frequentadores por espaço de tempo — por questões de segurança. Seis milhões de visitantes por ano. Fechará, de 2025 a 2030, para reforma e manutenção.
A Arquitetura, no mundo, a partir do Georges Pompidou, tomava um novo rumo. Funcional, nova, transparente, bela e impactante.
Globalização, marketing, tecnologia e informática, as ferramentas próprias para o desenvolvimento econômico e social que explodiu a partir do final do século 20, transformando o pensador, artista e técnico em grife, em sonho de consumo político e social. A Arquitetura transmutada em um novo negócio, em empresa comercial capaz de oferecer um produto de sucesso e repercussão garantidos, de imagem resplandecente, mágica; fogos de artifício perenes no mundo das finanças e da política. Então, o florescer de Mitteramsés (o epitético presidente da França e suas grandes obras), Gehry, Nouvel, Hadid, Calatrava e tantos outros.
A troca do pensamento humanista pela pirotecnia edilícia, do arquiteto pelo diretor comercial lobista, e do usuário pelo investidor, este econômico ou eleitoral, tal qual em Dubai, Doha, países asiáticos, árabes, etc., etc., eis a questão; aliás, as questões. Todas juntas, ou separadas.
Chegará o tempo em que teremos nossos encontros e troca de ideias através de nossos avatares, em ambientes gerados pela Realidade Virtual, pré-escolhidos com, sabe-se lá, qual intenção?
Para onde caminhamos? Com a famigerada Inteligência Artificial, a ARQUITETURA, como é que fica?
Perigo! Perigo! (Voz de robô, com IA)
Jacob B. Goldemberg é arquiteto e professor. Já publicou os seguintes livros: Arquitetura: Espaço-Vida (1978), Arquitetura, Escritos (1998), O Essencial do Livro dos Livros – Contocrônicas, umas tantas (Ebook – Amazon) e Sobre Judeus, Hebreus e um certo Jesus (2024).
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Foto da Capa: Centro Georges Pompidou / Paris Tourism Information