Roger mudou o esquema tático do Grêmio para encarar o líder da segunda divisão. Lembro que no primeiro turno, em maio, o Cruzeiro venceu por 1 x 0, mas foi muito superior em campo e deu um banho de bola. Pois neste domingo Roger Machado montou seu time com duas linhas de quatro. Mas cometeu um equívoco que foi corrigir aos 25 minutos do primeiro tempo, quando já perdia por 1 x 0 e era dominado pela equipe mineira. Lucas Leiva jogou excessivamente recuado, entre os zagueiros, compondo uma linha de 5. E foi exatamente em cima de Lucas que o Cruzeiro chegou ao primeiro gol.
Roger corrigiu. Avançou Lucas. E, no segundo tempo, promoveu outro ajuste. Inverteu as posições de Lucas e Villasanti, recuando o paraguaio. O Grêmio virou o jogo, mas foi exatamente em cima de um erro de Villasanti e do goleiro Brenno, que se chocaram num lançamento despretensioso, que o Cruzeiro chegou ao empate. O 2 x 2 fez justiça ao melhor jogo realizado na Arena neste ano de 2022.
O fato lamentável na tarde de 51.600 torcedores na Arena: as duas paralisações ocorridas durante o jogo por conta de briga nas arquibancadas ocasionadas por duas torcidas chamadas de organizadas – de fato deveriam ser chamadas de baderneiras.
O empate mantém o Grêmio distante da possibilidade de chegar ao título. O Cruzeiro permanece 10 confortáveis pontos à frente. Mas do ponto de vista de confirmação do retorno a primeira divisão o ponto somado pode ser considerado interessante. O Cruzeiro é mais time e melhor organizado que o Grêmio. O esquema tático está mais entrosado. O Grêmio ainda oscila bastante. Portanto, este empate frustra e ao mesmo tempo pode ser celebrado.
Inter tenta mudar rotina contra os times do Z-4
Nesta temporada, o Inter tem conseguido bons enfrentamentos contra os times grandes. Mas tropeça diante dos pequenos, aqueles adversários ameaçados pelo rebaixamento. Até em outras competições os chamados “pequenos” atrapalham. Lembro que o time foi eliminado da Copa do Brasil diante de um quase amador Globo, do Rio Grande do Norte. Na Sul-Americana, o emergente peruano Melgar levou a vaga. E o Campeonato Brasileiro escancara ainda mais esta tendência: boas vitórias contra o Fluminense, Flamengo, Atlético Mineiro, e dificuldades, por exemplo, com Atlético Goianense, Avaí, Juventude, Cuiabá. Nesta segunda-feira, o adversário será o Avaí, em Florianópolis e na próxima segunda mais um time que luta para escapar do Z-4, o Juventude.
O que devemos interpretar deste retrospecto? Que o Inter tem dificuldades quando precisa tomar a iniciativa. Quando é atacado, se sai bem. Mas se tiver que atuar como protagonista e impor o ritmo do jogo tem dificuldades. O Inter é competente quando o adversário ataca. Tem transição rápida, chega fácil na frente. Mas enfrenta dificuldades para furar retrancas. A posse de bola excessiva não faz bem ao Inter. Contra o Fluminense, por exemplo, o Inter teve, jogando no Beira-Rio, apenas 35% de posse: e venceu o jogo por 3 x 0.
Mano Menezes tem a missão de mudar este quadro nesta reta final de Brasileirão para perseguir vaga a Libertadores 2023, o prêmio consolação para um clube que alimentava a esperança de um título este ano. E o primeiro teste será hoje, contra o Avaí, 17º colocado na tabela de classificação.