Vivemos tempos de mudanças rápidas, onde novas ideias sobre identidade, sociedade e comportamento desafiam padrões que existiram por séculos. Para muitos, essas transformações são desconfortáveis. Afinal, como aceitar o novo sem perder aquilo que consideramos essencial?
O grande problema não é a mudança em si, mas a polarização que impede o diálogo. De um lado, alguns veem qualquer avanço como uma ameaça aos valores tradicionais. Do outro, há quem trate qualquer questionamento como preconceito. No meio disso, surge uma sociedade cada vez mais dividida, onde ouvir se tornou um ato raro e essencial.
Tradição ou Evolução?
Se olharmos para a história, veremos que aquilo que chamamos de “tradição” também já foi uma novidade contestada. Mulheres não podiam votar, divórcios eram proibidos e casamentos interraciais eram ilegais. Hoje, essas mudanças são vistas como direitos fundamentais, mas nem sempre foi assim.
Isso significa que toda mudança é boa? Não. Mas significa que nem toda mudança destrói a sociedade. A diferença entre evolução e caos está na capacidade de dialogar e adaptar valores sem perder o respeito ao próximo.
A diferença entre discordar e respeitar
Abrir a mente não exige que você concorde com tudo. Rejeitar uma ideia não é o problema — o problema é quando a discordância vira ódio, exclusão ou negação da existência do outro.
Ser tradicional não precisa significar ser fechado ao novo, assim como ser progressista não precisa significar rejeitar toda tradição. Entre os extremos, existe um caminho mais produtivo: a curiosidade e o respeito.
Como sair da bolha e enxergar melhor o outro?
1. Ouça mais e julgue menos. Pergunte antes de afirmar. Conheça histórias reais antes de formar opiniões fixas.
2. Troque certezas por perguntas. Será que essa ideia realmente ameaça os valores que você acredita ou só desafia sua zona de conforto?
3. Entenda que valores podem conviver. Tradição e modernidade não precisam ser opostos. Uma sociedade equilibrada sabe adaptar-se sem destruir suas bases.
4. Respeito não significa concordância. Você pode discordar sem desrespeitar, pode manter suas crenças sem invalidar a vivência do outro.
O mundo sempre mudou e a grande questão não é se as mudanças vão acontecer, mas como queremos lidar com elas. O futuro não precisa ser uma guerra entre passado e presente — ele pode ser um caminho onde diferentes ideias coexistem, desde que exista disposição para entender antes de atacar.
Se o mundo sempre evoluiu e se adaptou, será que o melhor caminho não é aprender a evoluir junto com ele?
Dreyson Queiroz é sócio e head de Cultura de Inovação na CLASH, Agile Coach, Design Thinker, Facilitador Criativo e UX Designer. Tem especialização na área criativa, com pós-graduação em Antropologia e Transformação Digital. Criador do projeto "Conta pro Queiroz", é conselheiro do Clube de Criação/ RS, integra o board da UNESCO-SOST Transcriativa, é Fellow da ACUMEN. Participa de movimentos como Corporate Hackers, POA Inquieta, Rede de facilitadores Brasil, Domos Design (Instituto Caldeira) e OpenInnovationBR.
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