Certamente você já ouviu falar das Zonas Azuis (Blue Zones), regiões onde as pessoas vivem mais do que a média. Em lugares como Okinawa no Japão, Sardenha na Itália e Icária na Grécia, os habitantes centenários compartilham várias características: dieta saudável, atividades físicas regulares, laços sociais e um propósito de vida claro.
Tenho refletido bastante sobre meu próprio envelhecimento e como quero passar o resto da minha vida. Fazer cinquenta anos foi uma virada de chave. Desde então, comecei a resgatar a “saúde perdida”. Se envelhecer é natural e inevitável. Por que complicamos tanto?
Não é de hoje que sabemos que uma alimentação equilibrada pode retardar os efeitos do envelhecimento, prevenir doenças crônicas, reduzir a incidência de doenças cardíacas e câncer e prevenir o declínio cognitivo. Muito menos é novidade que praticar atividades físicas também é fundamental para um envelhecimento saudável. O exercício ajuda a manter a massa muscular, melhora a mobilidade e a flexibilidade, além de fortalecer o sistema cardiovascular e imunológico.
O que falar então sobre estilo de vida, gestão do estresse e o sono adequado? Nada novo. Sabemos de tudo e negligenciamos tanto. A verdade é que no auge da juventude, e com nosso corpo blindado por tantos hormônios, não damos a devida importância. Só quando vemos que o tempo passou e que os tais hormônios começam a dar tchau é que percebemos que temos uma saída somente: buscar o balde que chutamos longe, bem longe! É o que tenho feito com disciplina, mas sem radicalismos: boa comida, bastante água, comida de verdade, pouco álcool, oito horas de sono, exercícios regulares e momentos de “dolce far niente”, porque ninguém é de ferro.
Entretanto, de todas as inquietações que tenho, manter a autoestima acho que talvez seja uma das tarefas que demande mais dedicação.
Me responde com sinceridade e, por favor, não me deixe sozinha com essa “quase angústia”. Você gosta sempre do que vê nas suas fotos ou na imagem do espelho? Eu, às vezes sim, outras nem tanto e outras melhor nem comentar.
Por mais que eu valorize todo esse movimento de aceitação e que tenha total consciência de que só há uma maneira de não envelhecer, olhar o tempo plasmado no meu rosto e corpo nem sempre é fácil.
Não adianta negar, a nossa autoestima é moldada tanto pelas crenças e atitudes que desenvolvemos em relação a nós mesmas, quanto pelo que achamos que os outros pensam sobre nós. Difícil é saber separar o joio do trigo.
Se o exercício para o corpo cansa e muitas vezes dá aquela preguicinha, imagina o exercício mental… haja disciplina!
Mas se há algo que aprendi foi que com constância e pequenas mudanças diárias, enviamos ao nosso cérebro estímulos positivos e pouco a pouco aquela pessoa no espelho começa a nos agradar novamente. Fiz uma listinha só minha e nela reforço coisas que gosto em mim e também aquilo que poderia melhorar. Assim, devagarinho, vou recuperado a danada autoestima.
Também incorporei na minha vida aquilo que me deixava feliz e que tinha ficado no passado. Uma das coisas que mais gostava na infância era andar descalça. Assim como outros hábitos infantis, que hoje tenho a consciência de que além de prazerosos eram muito saudáveis, os pés sem proteção passaram novamente a fazer parte do meu dia a dia. Uma caminhada no solzinho da manhã e pés no chão fazem milagres!
Devagar vou descortinando esse universo de possibilidades de envelhecer com saúde e vitalidade. Contudo, há uma coisa que ainda me separa das pessoas das tais Zonas Azuis … “Propósito de Vida Claro”, onde estás que não te encontro?
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