O Mario Quintana escreveu que “os verdadeiros amigos são os da nossa geração”. De fato, quem viveu e, principalmente, teve sua formação da transição para a vida adulta na mesma época compartilha de um mesmo conjunto de crenças e de valores.
Todo o desenrolar do tempo que vem depois é analisado em comparação com essa maneira que moldou inicialmente a nossa visão de mundo. Avaliamos em que medida o novo refaz o que tínhamos ou nos dá mais certeza de que devemos seguir como sempre fomos.
No entanto, há coisas em comum entre pessoas de idades diferentes. Características que as unem por maneiras de ser, de pensar, por afinidades intelectuais, culturais, afetivas. Desse modo, o corte geracional, que tem seu lugar e seu fundo de verdade, não pode ser o único dado para dar conta da diversidade das pessoas.
Na pesquisa “The Future of Dating 2023”, realizada pelo Tinder, foram apontados dados do comportamento afetivo da chamada Geração Z. Trata de como se comporta frente a namoros e relacionamentos quem tem hoje entre 18 e 25 anos.
É uma geração que sofre os efeitos da pandemia, da crise financeira, climática, da insegurança no trabalho, além de ser marcada pelos conflitos políticos. Comparando comigo na mesma idade em que essa geração está agora, só me livrei, dos 18 aos 25, de uma pandemia. Mas, claro, cada tempo tem suas crises que são feitas a sua maneira.
No aspecto afetivo, é uma geração mais pragmática e imediatista. Não está disposta a correr muitos riscos. Definem mais rapidamente o que querem ou não querem e preferem jogar às claras.
A própria tecnologia, que possibilita encontrar alguém por um aplicativo, contribui para isso. É possível previamente detectar características, pesar as afinidades e, além de tudo, revelar uma intenção de encontro.
Quanto as pessoas das gerações mais antigas sofreram para dar a entender ao outro que estavam disponíveis para uma possibilidade afetiva! As da Geração Z não. Isso as faz serem avessas a subterfúgios, joguinhos mentais, comunicação ambígua. Prezam pela transparência. Tanto que preferem “dates” sóbrios para se sentirem seguras e terem conversas de qualidade. Valorizam também quem tem autocuidado, faz análise, enfim, quem não vai ficar fazendo da relação a sua terapia.
E você, que tem idade diferente da dessa geração, com o que se identifica com ela? Eu gosto dessa ideia de transparência. Foi uma barra pra mim tentar fazer o jogo de sugestões e seduções por sinais de fumaça pelos meus 18 anos. Teria facilitado muito a minha vida essa franqueza da Geração Z.
Foto da Capa: Tamuka Xulu / Pexels