O Brasil tem um velho ditado: “O ano só começa depois do Carnaval”. E, para muitos setores da economia e da sociedade, essa máxima ainda é válida. Agora que a folia acabou e o país volta à sua rotina, é hora de fazer um balanço dos primeiros meses de 2025 e projetar o que podemos esperar para o restante do ano.
Os primeiros meses de 2025 foram marcados por um cenário econômico desafiador. O Brasil iniciou o ano ainda lidando com os impactos do aumento da taxa de juros em 2024, um freio necessário para conter a inflação, mas que impôs dificuldades ao crédito e ao consumo. No entanto, o Banco Central já sinalizou uma trajetória de cortes, o que pode estimular investimentos no segundo semestre.
O mercado de trabalho também apresentou sinais mistos. O desemprego manteve-se relativamente estável, mas a geração de empregos formais ainda não retomou o fôlego esperado. Em setores estratégicos, como a indústria e a construção civil, a falta de políticas de incentivo foi um obstáculo ao crescimento.
Na política, o Brasil seguiu o padrão dos últimos anos: um Congresso fragmentado, embates entre Executivo e Legislativo e dificuldades para aprovar reformas estruturais. A Reforma Tributária, aprovada no ano passado, começou a ser implementada, mas a complexidade do sistema e os interesses regionais ainda geram incertezas sobre seus reais efeitos para empresas e consumidores.
No cenário internacional, a tensão geopolítica e as incertezas na economia global tiveram reflexos diretos no Brasil. O comércio exterior enfrentou desafios devido à volatilidade do câmbio e às oscilações do mercado de commodities, especialmente nas exportações do agronegócio, setor fundamental para o PIB nacional.
Agora que o Brasil “volta ao trabalho”, os desafios para os próximos meses são claros. A recuperação econômica dependerá de um equilíbrio entre estímulo ao consumo e controle da inflação. Medidas como a redução dos juros e a atração de investimentos privados serão cruciais para destravar setores estratégicos.
O avanço da digitalização e da inteligência artificial promete transformar o mercado de trabalho e os negócios. Empresas que investirem em inovação e capacitação terão vantagens competitivas, enquanto setores tradicionais precisarão se adaptar a um novo modelo de produtividade.
Na política, o segundo trimestre será determinante para entender o rumo do governo e sua capacidade de articulação. A relação entre o Executivo e o Congresso será testada na aprovação do Orçamento e na viabilização de políticas de crescimento sustentável.
Já no campo social, o Brasil segue enfrentando desafios históricos, como a necessidade de investimentos em educação e saúde. Sem um avanço real nessas áreas, qualquer crescimento econômico será limitado e desigual.
Se 2025 começa agora, é fundamental que empresas, governos e cidadãos estejam preparados para um ano de mudanças. O tempo da espera acabou. Agora é hora de construir, inovar e avançar. O Brasil não pode mais adiar suas oportunidades.
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Foto da Capa: Gerada por IA