Já passou. Já escrevi sobre. Agosto está no penúltimo dia, mas preciso falar mais uma vez antes que o mês acabe. Para além de celebrar a volta da classe cinematográfica, da imprensa e do público ao Palácio dos Festivais, a 50ª edição do Festival de Cinema de Gramado foi marcada pela diversidade. Marca que me emocionou muito ao pisar no tapete vermelho de um evento onde trabalhei (faz tempo!) e fui feliz. Marca que chegou acompanhada pela resistência e pela esperança de uma juventude com garra, talento, alegria e brilho nos olhos. Foi estimulante ver o Brasil e sua gente de todos os cantos por inteiro na tela.
“Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, que mostra a periferia de uma Amazônia urbana, suas fronteiras e a chegada das facções criminosas à região, recebendo o Kikito de Melhor Filme e o Prêmio da Crítica, me encantou. “Pela riqueza e complexidade na forma de relacionar os mistérios da floresta e a desigualdade humana e social que corrompe a vida na cidade, mas principalmente pela força como irrompe na cena uma parte da cinematografia nacional quase tão desconhecida como o Acre!”, como sinalizaram os críticos.
Cristiano Burlan, diretor do filme “A Mãe”, conquistou o Kikito de Melhor Diretor. E Marcélia Cartaxo, a mãe incansável nas suas caminhadas em busca do filho, levou o Kikito de Melhor Atriz. Premiações muito merecidas.
A produção mineira “Marte Um”, de Gabriel Martins, segurando o Prêmio do Júri Popular, levantou o público. Uma mãe e um pai, interpretados pelos atores Rejane Faria e Carlos Francisco, e as transformações que experimentaram a partir das opções de vida dos dois filhos revigoraram minha fé na força da arte. As relações que se estabeleceram no momento em que as opções ficaram claras, apesar dos conflitos, transmitiram uma emoção genuína e, ao mesmo tempo, abriram possibilidades saudáveis de mudança, deixando fortes rastros de esperança no ar.
Mas as emoções do Festival não pararam por aí
Entre os longas gaúchos, “5 Casas”, de Bruno Gularte Barreto, foi escolhido Melhor Filme de Longa Metragem Gaúcho pelo Júri Popular e pelo Júri Oficial. E Melhor Diretor e Melhor Montagem pelo Júri Oficial. A vibração da plateia foi maravilhosa. Cinco casas e cinco histórias de vida. Vibramos todos!
Que venham mais filmes curtas, médias e longas sobre a diversidade, a cultura e a riqueza humana deste imenso Brasil, hoje tão sofrido.
Só tenho a agradecer por acompanhar momentos tão ricos da produção cinematográfica sintonizados com o Brasil de hoje, pelos reencontros em Gramado e pelas emoções vividas.