South Summit é o melhor
A segunda edição do South Summit Brazil (com ’z’!) terminou ontem com um saldo bastante positivo. Apesar do inevitável calor porto-alegrense da época e da notória incompatibilidade da estrutura de 22 mil m2 do Cais Mauá para eventos desse porte, empreendedores em geral saíram satisfeitos. E alguns foram além. Para o biólogo Diogo Hungria, fundador e CEO da Meu Pé de Árvore, foi um dos melhores eventos do ano do setor, palavra de quem costuma circular por importantes encontros no Brasil e no mundo, como Web Summit, de Lisboa, a Bossa Summit, de São Paulo, o ESX Summit, do Espírito Santo, o Rio Inovation Week, entre outros.
Para ele, o SS “possibilitou mais conexão, estava mais organizado e a maior parte das pessoas foi de gente que estava muito a fim de aprender, trocar, empreender”. Vários outros participantes também deram o mesmo testemunho de que neste ano o público do SS estava mais qualificado.
A Meu Pé de Árvore atua na Amazônia, a partir de Porto Velho/Rondônia, na recuperação de áreas degradadas da floresta.
Balanço: o SS em números
A organização do SS liberou os números finais do evento. Passaram pelo Cais Mauá nos últimos 3 dias cerca de 22 mil pessoas, entre as quais visitantes de 50 países, 3 mil startups, 900 speakers, 150 patrocinadores, 700 jornalistas nacionais e internacionais, 7 mil empresas, mais de 100 fundos de investimento – 30 deles internacionais -, cerca de 600 investidores.
Startups vencedoras
- Maior destaque – Airway Shield – dispositivo que facilita a intubação guiando o tubo endotraqueal facilmente para dentro da traqueia e protege os médicos dos aerossóis.
- Mais escalável – Alana IA – ferramenta de IA criada para melhorar o relacionamento com clientes. Com ela é possível interagir, engajar e responder aos consumidores de maneira automática, personalizada e humanizada por meio de todos os canais digitais.
- Mais sustentável – Incentiv Track Winners – plataforma inovadora que centraliza todas as soluções nas leis de incentivos fiscais oferecendo conexão, transparência e engajamento.
- Melhor time – Trashin – economia circular por meio da gestão de resíduos e de programas de logística reversa, e que promove um impacto socioambiental positivo.
- Mais inovadora – Bankuish – um canal de vendas cujo core business é análise de dados para processos de tomada de decisões.
Ifood quer ser referência no combate às desigualdades
Luana Ozemela, VP do Ifood no Brasil, subiu ao palco Arena do South Summit ontem, 31. A economista porto-alegrense, que já andou pelo mundo, apresentou os números superlativos da empresa de delivery: 60 milhões de entregas/mês, 300 mil estabelecimentos de 1.200 cidades e 40 milhões de usuários ativos. Mas, se tudo isso já parece muito sucesso, Luana está preocupada com a inclusão. Segundo ela, a maioria dos entregadores é das classes C/D e quem recebe as entregas são pessoas das classes A/B. A empresa quer atuar nesse gap de educação. No ano passado, o Ifood viabilizou o estudo e a conclusão do ensino básico ou médio para 1.000 pessoas. “Queremos ser uma referência entre as empresas que combatem a desigualdade”, revelou Luana. Ela também está à frente de um grupo de mulheres que trabalha no fomento do empreendedorismo de mulheres negras.
Porto Alegre planeja eliminar emissão de gases de efeito estufa
Foi lançado ontem, 31, à tarde, o Plano de Ação Climática de Porto Alegre que contempla um relatório de análise riscos e vulnerabilidade climática. O projeto conta com financiamento de 250 mil dólares do Banco Mundial e tem uma meta no mínimo ousada: reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2035 e de 100% até 2050.
“A primeira parte, que é o inventário, a cidade já fez”, explica Rodrigo Corradi, representante da ICLEI – Rede de Governos Locais pela Sustentabilidade, entidade parceira da Prefeitura gaúcha na execução do Plano. Corradi revelou que 67% das emissões da cidade provêm do trânsito e só o aeroporto local responde por 7% de todas as emissões.
Enfrentar a discussão do transporte individual x transporte coletivo e veículos movidos a combustíveis fósseis x energias limpas são questões centrais para o sucesso do trabalho, avalia o executivo. Para ele, ainda, sintonizar o Plano Diretor, cuja revisão está em andamento na capital gaúcha, é fundamental.
Diversidade etária para melhorar produtos
Equipes muito jovens só conseguem produzir produtos para jovens, afirmou Morris Litvak, CEO da Maturi, no painel “Clientes seniores: os desafios da longevidade”, ao lado de Luciano Lorenz, da Webmed, e Martin Henkel, diretor da SeniorLab e colunista aqui na Sler. Para Morris, as empresas precisam adotar a diversidade etária como política de RH. Para ele, se um produto é acessível para pessoas mais velhas, é acessível para todos. Já um produto formatado apenas para jovens, não será acessível para pessoas mais velhas.
Já Martin Henkel lembrou que com a idade vêm as perdas progressivas de cognição, audição, visual, mobilidade e outras. E ainda que elas possam não ser significativas para as pessoas individualmente são suficientes para impactar no marketing dos produtos. Um exemplo são os canais de relacionamento. Segundo ele, 90% dos 60+ consome informações, serviços e produtos por meio dos seus smartphones. Se começar um site pelo desktop, já começa errado. “Mobile first”, alerta o consultor.
Henkel ainda falou sobre o tamanho do mercado: o público brasileiro 60+ teve uma renda total acumulada em 2022 de R$ 1,3 trilhão e, e alguns lugares como Rio de Janeiro e Porto Alegre, a população 60+ já é maior do que de crianças e adolescentes.
Confere também a última coluna do Martin Henkel
Prefeituras em busca de visibilidade
O estande da Associação dos Municípios da Região Metropolitana do RS, a Granpal, trouxe em dois painéis da programação do evento a pauta do ecossistema metropolitano. Junto com a primeira edição do South Summit, a Granpal criou o Fórum de Inovação para manter o tema em pauta. Os encontros acontecem todos os meses e o próximo já está programado para acontecer em Gravataí. Atrair empresas com operações em tecnologia e inovação é o maior desafio dos municípios.
Colaborou Marlise Brenol
Resíduos
A Trashin, que levou o destaque de Melhor Time entre as 47 startups que participaram da seleção, foi a responsável por toda a gestão dos resíduos do South Summit Brazil 23. A empresa, que começou as atividades em Porto Alegre em 2018, está hoje em todo o Brasil, atuando com cerca de 70 cooperativas homologadas, que funcionam como unidades de triagem. A startup faz a gestão para grandes geradores de resíduos, sejam eles indústrias, comércio ou mesmo condomínios, explica o CEO Sérgio Finger. Durante os três dias do SS, foram coletadas cerca de 20 toneladas de resíduos, dos quais cerca de 5,4 toneladas de rejeitos, 1,3 tonelada de resíduos compostáveis e cerca de 13,3 toneladas de resíduos recicláveis.
Por Luiz Fernando Moraes e Sílvia Marcuzzo