Patrícia Linares (foto da capa), 45 anos, estudante do Centro Universitário de Bauru, registrou Boletim de Ocorrência contra suas colegas de curso, todas jovens, por elas terem lhe tratado de forma pejorativa e discriminatória ao perguntar “como faz para desmatricular uma aluna de 40 anos” e insinuar que ela deveria estar aposentada, “porque sequer sabe mexer no Google”.
Juristas disseram ao Portal G1 que os comentários podem configurar Injúria, Difamação e Violência Psicológica.
Jornais e redes sociais, divulgaram que Patrícia chorou muito por causa dos comentários, assim como recebeu apoio de seus colegas e, inclusive, um vídeo da sua mãe idosa dizendo para ela não desistir.
As acusadas de Bauru desistiram do curso depois de sofrer linchamento virtual e efetivo, agressões e inclusive ameaças de morte…
Pqp, é muita suscetibilidade envolvida. Se uma pessoa com 45 anos não consegue reagir a uma brincadeira estúpida de três piolhentas saídas das fraldas, devemos repensar nossa vida em sociedade.
“-Ain, mas isso é bullying!”
Não, isso é a vida real! Há pessoas estúpidas, grosseiras, debochadas na universidade, no ônibus e na feira. O melhor que a pessoa faz é se defender ao invés de criminalizar o deboche.
O tal bullying está infantilizando uma geração, criando uma legião de Bebês-Adultos que não conseguirão lidar com uma piada de 3 jovens idiotas no auge dos seus 45 anos, de maridos consumidos por seus medinhos criticando a esposa que não acertou a temperatura do seu toddynho como fazia sua mamãe, de esposas atoladas na sua vida Barbie esperando o papai chegar com as compras.
No trabalho, os Bebês-Adultos cairão no choro se ouvirem que seu projeto ficou uma merda, ou depois que a besteira que eles falaram arrancar risos dos seus colegas.
O Ministério Público do Trabalho, com seus generosos salários e férias, faz campanha contra o abuso dos patrões em cobrar seus funcionários, mais ou menos como colocar seus pais para fiscalizar como você está sendo tratado no serviço.
Ao mesmo tempo em que as mulheres reclamam que faltam culhões dos homens atuais, fazem hashtags “Somos Todos Patrícias”, “Não Desista Campeã”, “Ninguém Solta a Mão da Patrícia”, sem perceber a relação de causa e efeito.
Ou será que, depois que alguém da turma se separa da mulher madura, e esse amigo aparece com uma namorada novinha, os comentários das esposas são muito melhores do que os das 3 patetas de Bauru? Os comentários em banheiros de festa são odes às roupas e cabelos das “zamigas”?
Nascemos prematuramente por causa do tamanho da nossa cabeça, somos dependentes dos pais em todos os aspectos depois do parto. Já a égua pari, o potro dá uma tremida, se equilibra nas perninhas finas e já vai comer um pastinho, enquanto nós choramos de fome pra ganhar uma teta.
Nosso vínculo com a prole é de proteção, a emblemática cena do pai correndo atrás da bicicleta quando o filho tira as rodinhas, o engarrafamento na frente das escolas, o “- Não esquece o casaco, que vai esfriar”..
O núcleo é a família agora, como era na pré-história. O normal seria que os filhos crescessem e começassem a ser expostos às dificuldades da vida real, seja fugir do Tigre-Dente-de-Sabre, seja lidar com o gordinho chato do colégio que rouba sua merenda.
Ser hostilizado, debochado e confrontado fora de casa é um ritual de passagem e, se não desbordar limites extremos, vai criar pessoas reais, gente que saiba que no casamento é necessário ceder, se adaptar; que esposa não é mãe, nem marido é pai; que no trabalho volta e meia tem de pôr o pau-na-mesa; que às vezes tem que falar grosso com o guardador de carro; e que – mandar as 3 panacas que te chamaram de velho nascerem de novo para ver se melhoram a cara – é uma saída honesta pro seu problema.
Sobrevivemos aos “cuecões”, “batizados de tênis”, “clips lançados de elásticos”, “bolinhas de papel babadas”, “Cápsulas de Alho espalhadas na Cadeira”, “Ovos”, “Bixiguinhas”, “Chicletes no Cabelo”… E os apelidos? “Olívia Palito”, “Cabeçudo”, “Arrombado”, “Mongolão”, “Sem Pregas”, “Geni”, “Pau-de-Virar-Tripa”, “Cara-de-Cu”, “Manco”, “Marreco”… Apesar disso, sinceramente não me parece que nossa geração tenha mais psicopatas sanguinários que a atual…
Tira-se o ritual de passagem, prorroga-se a infância, e de repente seus filhos estão contratando coaches de relacionamento, relações de trabalho, casamentos. O Tio do Campari, sua careca lustrosa e a roupa de Agostinho Carrara substituirão os incômodos que você “gentilmente” poupou seu filho, pois, afinal de contas, o revólver de espoleta, a roupa de cowboy e a espada de madeira tornariam seu bebê violento..
Sai o Ultramen, entra o Gummy Bear, trocam-se os Três Mosqueteiros pelos Ursinhos Carinhosos, e você ganha de brinde um(a) filho(a) Banana-de-Pijamas tendo crise de choro ao tentar cancelar a linha telefônica na Claro: “- Não consigo falar com ninguém, só tem gravação, já me transferiram 19 vezes, socorro mamãe!!!”.
Colocar o pimpolho pra trabalhar, então, é um sacrilégio, pois, afinal de contas, vai abreviar sua infância, quando, na verdade, essa infância não acabará antes dos 50 anos, 3 divórcios e muitos antidepressivos.
Quanta dor e sofrimento causarão essa infância estendida? Talvez você não esteja mais aqui quando o caldo entornar e o Bebê-Adulto, no auge dos seus 45 anos, se ver sozinho, em prantos porque foi chamado de velho por 3 espinhentas com cara de bunda.