A coluna de hoje é uma reta só.
É no mínimo indignante observar e viver a “experiência” das práticas de “superhosts” em delírio e a administração brutal da maior rede digital de locação de imóveis do planeta. Superhost e corporação que constroem, e mais importante, mantém uma narrativa de housing washing.
“Bom, inicialmente a reserva parecia 100% ok”. Comentários do superhost que as faço minha também. Ao chegar na casa, a mesma não estava em um local de “sossego” e “na natureza”. A casa “amar.ela” fica à beira da rodovia que leva a São Francisco. Sim, localizada em frente à rodovia, com caminhões e ônibus que trafegam periodicamente — e obviamente com muito barulho. E não, nas fotos não há o menor indicativo dessa proximidade asfáltica.
Na aludida propaganda no site do Airbnb, lê-se logo na primeira linha “Encontre sossego e aconchego” e “uma excelente acomodação próxima à natureza”. Próximo à natureza não significa à beira do asfalto. Mas, talvez, em uma interpretação bem forçada, pode-se aludir ao fato de que se há jardim na frente da casa, há uma “acomodação próxima à natureza” e nesse local pode-se encontrar “sossego”.
Parto da premissa de confiar em “superhosts” e na lisura das informações, porém também da minha parte “foi um pouco decepcionante” (palavras do superhost novamente — pela torradeira que não foi lavada na saída). Vamos lá. Há taxa de serviço de limpeza na própria locação. Talvez tenha de sair e lavar janelas, chão, lençóis e banheiros também.
O superhost avança em seu comentário oficial e diz que a hospedagem foi “lamentável”. O delírio de tal afirmação me chamou a atenção. Sobre a torradeira, vamos lá. A cozinha. A utilizamos em somente um momento, para o café da manhã, e utilizamos somente um eletrodoméstico, uma torradeira, e sim, ela ficou por lavar (como já dito). E sim, alguém me explica da razão de haver taxas de serviços de limpeza e valores de locação suficientes para contratar uma faxineira top de linha pelo dia inteiro e ainda sobrar o dobro do valor da locação.
O superhost finaliza: “Enfim, a experiência poderia ter sido melhor.”. Faço das palavras dele, as minhas.
Espero que haja mais transparência nos níveis das informações a serem postadas pelos superhosts, e mais, verificadas pelo Airbnb.
PS: O Airbnb removeu minhas críticas (comentários) do site (a pedido do superhost sob a justificativa que meus comentários “não melhoram os serviços de locação”), mas o comentário (crítica) dele sobre mim, permanece no site. Talvez que não melhore seja a queda do lucro por locações com informações imprecisas e por vezes inverídicas.
Afinal, trata-se de uma gestão de “limpeza” do próprio Airbnb? Trata-se de um novo tipo de housing washing? Continuo a refletir sobre o ocorrido. Fato é que coloco aqui o contra-argumento, já que o Airbnb de modo autocrático me silenciou.
E segue, para fechar, a leitura crítica recomendada da semana por este colunista: Klein, Naomi. “Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido”. Rio de Janeiro: Record, 2002.