Os dias têm sido assustadoramente quentes. E as previsões feitas diariamente por meteorologistas e pesquisadores não são nada animadoras, faça chuva ou faça sol, calor ou frio, vento ou calmaria. Já vivemos tantas tragédias nos últimos anos, mas, no momento, o calor extremo preocupa muito. Em outros lugares, como São Paulo, chuvas avassaladoras, que também já enfrentamos, destruíram ruas, invadiram casas, provocaram mortes, deixaram famílias inteiras sem nada. Na Antártida, as geleiras seguem descongelando. Sabemos que é urgente mudar a maneira como lidamos com a natureza, mas sinto uma apatia e poucas reações efetivas diante do caos que se anuncia. As intervenções feitas por nós, humanos, não podem inibir os movimentos do meio ambiente. É lamentável o que fizeram com o Parque da Harmonia. Árvores são essenciais. É preciso respeito! Até porque todos os recados já foram dados pelos ambientalistas. Se não preservarmos o meio ambiente, não teremos vida saudável. E o caminho nos levará ao caos. Quem pensa no bem-estar e na saúde física e mental da população? Quem pensa no dia a dia dos trabalhadores que, depois de uma jornada exaustiva, esperam por ônibus já lotados e sem ar condicionado?
Por outro lado, é notícia, mais uma vez, que o trabalho escravo persiste no interior do Rio Grande do Sul. A ambição é o carro-chefe e escravizar pessoas vulneráveis virou rotina. Estamos em 2025 e a história se repete. Na colheita da uva em regiões ricas da serra gaúcha, os trabalhadores vivem situações análogas à escravidão, como aconteceu nos primeiros meses de 2023. Árduas jornadas em parreirais, moradias e alimentação precárias depois do trabalho, é a realidade. Não aprendemos nada? E o poder público, o que faz?
Seguir escravizando é o mantra. Ponto.
É inacreditável constatar que a exploração continua depois do que vimos e de todas as denúncias. Quem se importa? Certamente, a ganância de quem detém o poder econômico, que só pensa no lucro e em acumular, fala mais alto. Esses jamais vão se importar! Tanto é que em metrópoles, como Porto Alegre, derrubar árvores para construir prédios gigantescos, concretar ruas e acimentar de qualquer jeito virou hábito. Não deixam um pedacinho de terra sequer para absorver a água, E quem pode fazer a diferença não faz. Cruza os braços, privatiza serviços públicos essenciais, aplaude as grandes corporações e nega o descaso e os abusos já comprovados. Essa é a ordem dos dias.
Quem pensa no valor do trabalho? No dia a dia das famílias que vivem em condições precárias, muitas sem ter o que comer. No futuro das crianças? Na saúde? No futuro do planeta Terra? São perguntas que faço cotidianamente, mas caem no vazio.
Enquanto isso, brasileiros deportados dos Estados Unidos, que escancara um poder corrosivo, são obrigados a deixar tudo, inclusive animais de estimação. E desembarcam nos aeroportos do Brasil em condições lamentáveis, muitos ainda algemados. Precisa tanta humilhação assim? Em que mundo vivemos hoje?
Tempos inquietantes, onde o poder desumano impera!
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Foto da Capa: Freepik