Passam os anos, os mercados se transmutam, regridem, evoluem e crescem. Mas existe um fator que sempre está presente em todos esses processos: a referência para o desenvolvimento profissional. Estamos passando por uma clara mutação do mercado que colide diretamente com a mudança da faixa etária do povo brasileiro. Se contrata mais jovens, enquanto a população fica cada vez mais sênior. Isso, além de impactos econômicos e sociais, gera deficiências de mão de obra em outros setores que, por vezes, passam despercebidos pelo nosso radar. Um deles é a importância de referências no mercado do trabalho.
A nova geração de profissionais que se forma é uma geração sem ídolos, ou na verdade, com ídolos de mais. Na medida em que a globalização se alastra e que a velocidade da informação só cresce, os novos profissionais funcionam – no bem da palavra – como “esponjas” de conhecimento que tem como função absorver todo o conhecimento e informação que lhes é jogado. Isso é ótimo. Porém, por outro lado, essa generalização do conhecimento enfraquece as instituições que formaram a geração anterior de profissionais.
Quando falamos sobre referências no mercado de trabalho não estamos falando sobre idolatria a figuras como Ayrton Senna, Pelé e Fernandão, por exemplo. Mas sim na admiração a quem tem influência direta na formação profissional, como professores e líderes, por exemplo. A ansiedade de crescer é inimiga da humildade de aprender.
A solução é uma palavra que pouco ouvimos falar: equilíbrio etário. O conflito de gerações é a melhor maneira de uma empresa prosperar. A união entre a ansiedade de crescimento profissional, a sede de sucesso do jovem com a experiência e vivência de um profissional sênior é o caminho a ser seguido e não é, nem de perto, um caminho utópico. Empresas já colocam em prática essa metodologia e geram resultados. Um portal chamado MaturiJobs, que possui como objetivo a inserção de profissionais 50+ no mercado de trabalho, nos seus primeiros dois anos, alcançou 580 empresas e 21 mil pessoas cadastradas na plataforma.
Mas como isso se relaciona com a falta de referências profissionais? Simples. A tendência quando há o conflito benéfico de gerações é criar relações profissionais de trabalho em que dois ou mais trabalhadores crescem juntos à medida em que cooperam. Ou seja, o jovem irá almejar a experiência e conhecimento do mais velho. Enquanto o sênior admirará e buscará o brilho no olho que o profissional mais jovem possui.
Referências no mercado são justamente isso. Não são idolatrias e devoções. Mas a admiração do profissional e colega ao lado para ter suporte e motivação para crescer e evoluir de maneira saudável. E aos gestores, o que cabe fazer?
O questionamento de como gerir pessoas com idades diferentes e gerar a competição benéfica entre colegas de equipe é a fórmula mágica para todas as empresas. Porém, ela não é fácil de encontrar e a cada troca de equipe e funcionário, ela também é trocada. Gestores possuem como missão principal garantir o pleno funcionamento e desenvolvimento de seus setores e colaboradores. A promoção de atividades de integração entre equipes é uma das tendências mercadológicas que mais surgem. A geração anterior teve sua formação profissional 100% focada nas chamadas hard skills, que são as aptidões específicas de cada profissional e que são diretamente relacionadas ao seu fim. Como por exemplo, a hard skill de um padeiro, é ter a prioridade e técnica de fazer um excelente pão. Porém, a nova geração de profissionais possui uma dedicação e um incentivo das instituições de ensino, a desenvolver suas soft skills, que são justamente as habilidades de convívio e de técnicas para garantir um bom ambiente de trabalho. A palavra que, novamente, é o caminho a ser seguido pelos gerados, é o equilíbrio.