O movimento realizado pela direção do Inter, nesta semana, reforça uma prática comum no futebol brasileiro: o repetir a falta de convicção. De forma inesperada, o clube interrompeu os 15 meses de trabalho de Mano Menezes. E, duas semanas antes de um jogo decisivo e eliminatório pela Libertadores, anunciou Eduardo Coudet como novo treinador. Uma manobra ousada, surpreendente e, reconheço, corajosa. Mas que reúne todos ingredientes para não dar certo.
Coudet será o sexto treinador em dois anos e meio da atual gestão que comanda o Inter. Depois de Abel Braga, herança do antecessor, vieram Miguel Angel Ramirez, Aguirre, Medina, Mano, e agora o argentino. Fica fácil perceber que a constante troca de treinadores não garante resultados positivos. E também está um tanto óbvio que contratar técnicos não é o forte desta direção!
A prática não é apenas do Inter. É uma constante do futebol brasileiro e invariavelmente adotada por times perdedores. Trabalhos de longo prazo tem muito mais chances de êxito. Mas o que surpreende mesmo foi a tomada de decisão apenas duas semanas antes do jogo contra o River Plate, pelas oitavas da Libertadores. A direção colorada apostou alto nesta banca. Foi para uma espécie de tudo ou nada, neste final de gestão.
Claro que preciso ponderar que talvez os dirigentes tenham identificado algo, no ambiente interno, que indicava um novo fracasso diante do River. Então, a solução foi a mudança. Mas também levo em consideração uma série de decisões equivocadas, algumas tardias. O fato é: mudar treinador há dias de uma decisão definitivamente não é o mais recomendado. Se passar pelo River, Eduardo Coudet ganhará um respaldo e tanto para a sequência do trabalho. Mas, se não passar, serei um dos primeiros a apontar: a saída de Mano foi um equívoco. Por isso, o bacana do futebol é que você se manifesta antes. E depois passa a ser cobrado. Ou não. Então digo agora, com todos os riscos que o Inter errou nesta troca.
Sobre Eduardo Coudet, uma análise sem o radicalismo de quem o ama ou a rejeição de quem não gosta de seu estilo: bom treinador, sabe organizar taticamente seus times. Tem uma trabalho acima da média no Rosário Central, em 2016, e um título expressivo conquistado, com o Rancig, campeão da Liga Argentina em 2018/19. Mas tem uma ciclotimia perigosa para quem comanda um ambiente com 50 profissionais. É instável demais. E ele terá de amadurecer para resolver este problema.