Passada a angústia “dezembrina”, imediatamente caímos na ansiedade “janeireira”. Todo início de ano é sempre igual: uma lista de desafios que as resoluções de ano novo nos impõem. Cada um com a sua: fazer dieta, começar a academia, cortar o açúcar, trabalhar menos, ler mais, economizar um pouquinho cada mês para fazer a tal sonhada viagem, menos tempo nas redes sociais, mais tempo em família e por aí vai. Todas velhas conhecidas.
Eis que esta semana, escutando o rádio do carro pela manhã, ouvi uma expressão até então inédita no meu vocabulário. Os locutores falavam sobre como estão levando o “dry january” nestes primeiros dias do mês.
Às vezes acho que vivo em um universo paralelo. Chovia tanto neste momento que achei que era algum tipo de pegadinha invernal. Não, não tem nada a ver com o clima. O “dry january” é uma iniciativa global que propõe passar o primeiro mês do ano sem consumir bebidas alcoólicas. Traduzido para português, é qualquer coisa como “janeiro seco”, ou seja, não colocar nem uma gotinha de álcool na boca por trinta e um dias.
Lançado inicialmente no Reino Unido pela Alcohol Change UK, o desafio já se espalhou por várias partes do mundo e, desde 2013, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. O objetivo principal deste movimento é promover uma reflexão sobre os hábitos de consumo de álcool e incentivar uma pausa consciente, entendendo que o consumo de bebidas alcoólicas pode ser prejudicial mesmo quando não chega a ser um vício.
Socialmente aceitável e até mesmo encorajado, todos nós usamos o álcool para celebrar, para conforto, para socializar, para relaxar e para lidar com algumas situações.
Me lembrei de uma entrevista que vi recentemente na qual a modelo Gisele Bundchen falava que um dia decidiu não beber mais. Gisele disse que se sentia um pouco cobrada para “beber socialmente” e que depois não se sentia bem. Até que se deu conta de que não é a bebida que faz o momento e que ficaria muito melhor com um suquinho de laranja. Por que não?
A verdade é que existe sim uma certa pressão. Uma cervejinha gelada entre amigos, um drink em uma festa, uma taça de vinho em um restaurante. Quem nunca pegou em um copo mesmo sem muita vontade para não ser o “estraga prazeres”? A gente aprende isso ainda na adolescência.
O movimento “dry january ” tem ganhado força especialmente entre os mais jovens. Seja modinha ou não, o fato é que tem muita gente aceitando o desafio e entendendo que não é preciso abandonar a vida social, basta substituir uma bebida tradicional por outra sem álcool. Isso é muito legal.
O foco da ONG Alcohol Change UK não é pela total abolição do álcool, e sim por uma sociedade livre dos danos causados por ele. A instituição visa à conscientização e vislumbra um futuro em que as pessoas bebam como uma escolha consciente e não por impulso, porque “sim” ou para fugir de problemas.
Ainda não se convenceu a aderir ao “janeiro seco”? Dá uma olhadela nos benefícios que o detox de trinta dias pode trazer para a saúde: melhoria da qualidade do sono, melhor disposição, perda de peso, economia financeira, só para citar alguns.
Eu vou com oito dias de atraso, mas vou. Se não faz mal, bem faz.
Vamos que 2025 acaba de começar e ainda temos doze meses “desafiadores”.
Referência:
Alcohol Change / UK
Todos os textos de Pat Storni estão AQUI.
Foto da Capa: Gerada por IA