Mais um ano que se vai… um ano de tensão, de instabilidade, de viver um processo eleitoral histórico, onde a civilidade foi deixada de lado em tantos momentos. Pior que isso: onde milhões de pessoas foram enganadas ou quiseram mesmo acreditar em Papai Noel, em coelhinho da Páscoa. Um ano que tirou muita gente do eixo. Um ano em que passei para outra fase no jogo da vida.
As crises vêm para sacudir, para nos tirar do lugar. Em 2022, fui desafiada por situações que me fizeram questionar tanta coisa. Onde nos levam as certezas? E as dúvidas?
E no meio desse emaranhado, o corpo ora fala, ora grita, ora emudece. O meu resolveu esbravejar pelos pés e mãos. Depois de muitas consultas, uso de vários medicamentos, veio a sentença: psoríase palmo plantar.
Os reflexos dos sintomas rendem alguns diagnósticos. Aqueles que consideram apenas a derme. Outros que veem o corpo como um sistema vivo, onde tudo está interligado. E há ainda os que avaliam o quanto a energia, os traumas vem impactando o nosso funcionamento ao longo do tempo.
De perto, ninguém pode estar normal, aproveito para reinterpretar a frase antológica do poeta Caetano. Mas se existe essa tal normalidade, me diga, onde estão os normais nos dias de hoje? Ou melhor: o que é ser normal? Quem conseguiu manter a sanidade mental, o equilíbrio ao cruzar as encruzilhadas dessa infodemia na qual estamos submersos?
Levanto essa hipótese, também, devido a proliferação de farmácias. É realmente impressionante o aumento de estabelecimentos em Porto Alegre e em outras cidades que transito. Muitas casas antigas estão sendo demolidas e virando farmácias com amplos estacionamentos.
Conhece alguém que não tenha algum probleminha de saúde depois dos 50? Nas rodas entre amigos, é comum a troca de desabafos, das dores aqui e ali. Não há falta de dicas de médicos, tratamentos, receitas, dietas. A ainda rolam comentários sobre o que cada um fez ou faz com seus pais, pedidos de indicações de cuidadoras, enfermeiras para as missões do ciclo da vida, o cuidar de quem cuidou de nós.
Já passei por várias situações como essas. E, confesso que para além da complexidade de cada contexto, um dos mais desafiadores é o saber lidar com os nossos próprios sentimentos. E quanto mais difícil o game vai ficando, mais necessário o nosso autoconhecimento para não cair nas ciladas. Muitas vezes, nós mesmos, acabamos as criando. Quando, por algum deslize, não caímos em alguma armadilha por ter simplesmente relaxado durante o percurso.
Mesmo que racionalmente tudo indique para uma direção, a intuição ou a influência do anjinho do mal (lembra que aparecia muito no Tom e Jerri) nem sempre está convencido do caminho a seguir. E nesse vai e vem, nas idas e vindas dos ponteiros do relógio, quando vemos, já é dezembro.
Termino o ano com uma sensação estranha. Sem finalizar várias equações que me debrucei a tentar encontrar uma resposta. Sem arrumar um monte de papeis, cadernos etc em cima da mesa embaixo da escada. A bagunça vai entrar o novo ano criado pelos homens. Mas, se eu realmente tiver jeito, estará tudo mais organizado até começar o novo ano astrológico. Também estarei com alguns quilos a menos e estarei com a imunidade alta. Quando entrar áries, tudo vai melhorar (só um palpite, pois não saco de astrologia).