A gente nasce, cresce, envelhece e, um dia, bate as botas. Triste, mas é o ciclo da vida. Agora, se tem uma coisa que o ser humano adora, é tentar enganar esse ciclo. Desde cremes milagrosos, dietas malucas e cirurgias, estamos sempre em busca da famigerada fonte da juventude. E olha, a ciência já fez a parte dela – estamos vivendo o dobro que nossos antepassados.
A ideia de viver para sempre não é nova. Na mitologia chinesa, os “oito imortais” deram um jeito nisso. Da mesma forma, os deuses egípcios, greco-romanos e outros que eram considerados imortais. Mas, nos dias de hoje, quem está levando essa ideia a sério é Bryan Johnson, um bilionário americano que decidiu que envelhecer é coisa de pobre.
Se você acha que isso é uma fake news, assista ao documentário na Netflix “O homem que quer viver para sempre” e veja algumas das atividades da sua rotina: ele passa 90 minutos diários numa cápsula de oxigênio pressurizado, faz transfusões de plasma do próprio filho, dorme às 20h e levanta-se de madrugada para se exercitar. Come apenas a ração recomendada pelos médicos e ingere mais de 150 cápsulas por dia. E não para por aí! Ele montou um mini hospital na sua casa, com direito à ressonância magnética privada. Resultado? Bryan tem 47 anos e conseguiu reduzir sua idade biológica para 31 anos e, por ano, só envelhece sete meses e meio. Até se autointitula um “atleta profissional de rejuvenescimento”. Essa rotina custa a bagatela de 2 milhões de dólares anuais.
No início, até parecia um experimento científico, mas a coisa virou um negócio lucrativo. Ele agora promove o “Rejuvenescimento Olímpico” e vive pelo lema: “não morra”. Bryan acredita que é possível se tornar imortal e convida todos a participarem do estudo DunedinPACE, que analisa o ritmo do envelhecimento biológico. O site dele tem mais de 100 mil seguidores e, claro, promete maravilhas.
Segundo o diretor do documentário, a maioria dos benefícios de Bryan são coisas básicas: dormir bem, comer direito e se exercitar. Isso nós já sabemos há muito tempo, mas ninguém que seguiu esta receita básica chegou aos 150 anos. Em alguns pontos podemos concordar com ele, por exemplo, quando diz que comer pizza e beber cerveja não torna ninguém feliz. Ele afirma que nunca foi tão feliz como está agora (mesmo comendo aquela gororoba).
Agora, imagine que essas tecnologias avancem e tornem possível alguém viver 200 anos. Como seria? Trabalhar até os 150? Enterrar filhos, netos, bisnetos? Será que isso estaria ao alcance de todos? Ou só bilionários viveriam até virar Matusalém?
A verdade é que viver mais é uma coisa, viver bem é outra. A busca desenfreada por não envelhecer pode ser só uma grande viagem de ego. Afinal, de que adianta parecer ter 20 anos se ninguém quiser sair com você para comer uma pizza? Pensa nisso!
Referência:
- Documentário disponível na Netflix: O homem que quer viver para sempre (Don't Die: The Man Who Wants to Live Forever) produzido em 2024.
Todos os textos de Luis Felipe Nascimento estão AQUI.
Foto da Capa: O homem que quer viver para sempre / Divulgação