Notícia fresquinha de tendência em relação à nova forma de encarar o trabalho invade as redes sociais e faz as gerações mais velhas arrepiar os cabelos e lançar discursos contrários, onde o mínimo que se diz é: que invenção de moda desta juventude.
Desde a pandemia fomos jogados no futuro de maneira imediata: uns 7 anos, segundo os especialistas, e, para outros, uma geração inteira. Lembro da primeira semana em que os clientes estavam literalmente surtando, pois não sabiam utilizar Google Meets, Zoom, Teams, as plataformas de teletrabalho. E tudo parecia suspeito, perigoso e nada “normal”. Aí surgiu a tal nomenclatura de “novo normal”. De lá para cá são 4 anos de mudanças aceleradas no comportamento social e individual, e muito escancaramento de desigualdades econômicas, sociais e tecnológicas, especialmente no Brasil e países em desenvolvimento.
O futuro não é o mesmo para todos e todas. Então vamos ao futuro do trabalho na mesma Gen Z, porém em países desenvolvidos. E, para colocar todo mundo na mesma base de análise, estamos falando da galera que nasceu de 2000 para baixo (a partir de meados dos anos 1990). Ou seja, eles estão se formando e entrando no mercado de trabalho com seus 23/24 anos. E, sinto te dizer, mesmo que você grite, os chame de pirralhos, idealistas e tudo o mais, eles irão mudar o jeito que fazemos e cremos que seja o certo de viver as coisas como trabalhar, produzir e existir.
Claro que haverá medição de forças, afinal a caneta e o dinheiro ainda estão nas mãos de quem acredita que é preciso tirar as pessoas todos os dias de suas casas, fazê-las pegar metrô, bus, carro, levando em média 1h ou, nos grandes centros, até 3 horas para o maravilhoso trabalho presencial, onde todo mundo divide o mesmo ambiente em baias, tem uma hora para o almoço, se estabelece uma dispersão de atenção, pois gente junta quer falar, conversar, interagir.
Lembro de uma agência que trabalhei em que o diretor boomer vinha nas salas dizer que não batêssemos os pés no chão, pois o barulho dos saltinhos prejudicava a concentração. E ainda ficava anotando os minutos de atraso de cada um. Enfim, as maravilhas do formato presencial.
Mas vamos voltar ao Lazy Job. Afinal o que é isto? Uma influencer americana chamada Gabrielle Judge criou o termo “Lazygirlsjob”, e além da sua comunidade, foi parar em trend topic mundial. Por quê? Porque ela tornou público que a nova geração está questionando a centralidade do trabalho na vida. O termo viralizou no Tik Tok (pois é, não adianta você bater o pé, pois é a rede da vez) onde a influenciadora estimula seus seguidores a buscarem trabalhos menos estressantes, remotos e bem remunerados. Sabe aquela máxima: chama um estagiário que não cobra nada e vai dar a alma? Está em extinção. Aí você vai vir: mas aqui no Brasil, não! Afinal, a maioria é pobre. Está certo. Mas isto aí também vai mudar, tá… (assim eu luto todos os dias).
A primeira critica que ouvi foi: mas será que isto é válido? Eu quando era jovem fui chão de loja, ralava no ônibus… e bla bla bla… Os tempos mudam. A vida evolui. Mesmo que a maioria fique querendo que nada mude. E tudo se mantenha. Quando eles falam em menos stress é sobre ter um modelo de trabalho que não levam 8 horas para serem realizados, e muito tempo ocupado em escritório e deslocamento. Eles não estão dizendo que não querem entregar. Mas querem focar em produtividade, flexibilidade, aprendizado de novas competências e no seu tempo pessoal.
Mesmo em meio a gritaria das gerações mais velhas, os especialistas sabem que o futuro do trabalho está em transformação. Mesmo que no Brasil a exigência pelo trabalho presencial tenha retornado, este é um modelo em fim de carreira, literalmente. O Lazy Job é uma mentalidade, uma nova cultura em ascensão que exige autoconhecimento e muita disciplina. E falo de cadeira, pois trabalho há mais de 13 anos em formato remoto, e nunca trabalhei tanto na minha vida.
Você acreditando ou não: Gabrielle já fará um TEDX, lançará um livro e está em captação de recursos para uma startup de IA para criar mais transparência em torno do equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Vai tirando onda com eles, o futuro está na mão deles. Você se lembra da gritaria sobre os anticoncepcionais?
Foto da Capa: Gabrielle Judge | Reprodução do Instagram