No livro Otra Arquitectura en America Latina, o arquiteto e professor chileno Enrique Browne (1942), afirma que Le Corbusier (1887-1965) visitou três casas modernistas na América do Sul, na viagem que fez em: A Casa Sierra Morató (1927-1928), em Montevidéu, a Casa Warchavchik-Klabin (1927-1928), em São Paulo, e a Casa Ocampo (1928), em Buenos Aires (BROWNE, 1988, p. 27). No livro-catálogo Le Corbusier en el Río de la Plata, 1929, em um texto intitulado Le Corbusier em Montevidéu o arquiteto Nery González diz que o arquiteto franco-suíço também visitou uma casa que Carlos Gómez Gavazzo (1904-1987) concebeu no Bulevar Artigas, nº 541, em Montevidéu (GONZÁLEZ, 2009, p. 19). No nº 541 desta via da capital uruguaia, encontra-se, na esquina com García de Zúñiga, a chamada Vivienda Souto (1928), racionalista, cujo autor é Gavazzo. Seu programa compreende uma casa confortável (voltada para o Bulevar Artigas) e outra mais modesta, destinada a renda (na Rua García Zúñiga). Pelo exposto, quatro casas modernistas foram apreciadas por Le Corbusier. A primeira foi a que Victoria Ocampo (1890-1979) acabara de concluir, na capital argentina, pouco antes da vinda do arquiteto.
VICTORIA OCAMPO
Convidado pela Associação Amigos da Arte (AAA) para realizar dez conferências na capital portenha, através de Alfredo Gonzalez Garaño (1886-1969), Le Corbusier chegaria em Buenos Aires em 28 de setembro, no vapor Massilia. No porto o esperavam Victoria Ocampo e uma cantora francesa, provavelmente Jane Bathori (1877-1970) – (MEO LAOS, Verónica, citada por GUTIÉRREZ, 2009, p. 25). Ocampo seria um dos cicerones de Le Corbusier na sua estada na argentina.
Ramona Victoria Epifania Rufina Ocampo Aguirre nasceu em uma família aristocrática. Era a primogênita das seis filhas do casal Manuel Silvio Cecilio Ocampo (1860-1931) e Ramona “La Morena” Máxima Aguirre Herrera (1866-1935), conservadores e católicos. Passou a infância e a adolescência entre Buenos Aires e a Europa, em especial, Paris. “A ida a Paris (…) funcionava como um regulador civilizacional para a elite de Buenos Aires desde a primeira metade do século XIX” (TEDESCO, 2022, p. 126). Foi formada entre a anglofilia e a francofilia. “Diante do crescimento da burguesia imigrante que começa a reivindicar posições de poder social adequadas ao seu crescimento econômico na década de 1910, aderir aos hábitos franceses, mesmo nas comunicações mais íntimas, é uma operação estratégica, na medida em que invoca uma tradição específica e, com ela, uma validação das distâncias sociais entre os eleitos e os candidatos à definição arbitrária do gosto” (Idem, p. 122).
Ainda no século XIX, a família adquiriu uma propriedade em Beccar, nas barrancas de San Isidro, na margem do Rio da Prata, cerca de vinte quilômetros de Buenos Aires – para veranear. Seu pai era engenheiro e construiu neste local a Villa Ocampo no ano em que Victoria nasceu. Dotou-a de todo o conforto até então disponível. Foi a casa mais importante da vida de Victoria. Na infância e na fase adulta, quando a tornou local para receber amigos e convidados – muitos deles ligados à área da cultura mundial -, organizar reuniões e estabelecer conversações (MERCÉ, 2019).
Victoria e Silvina Inocencia Ocampo Aguirre (1903-1993), sua irmã caçula, colocaram a família em evidência no meio cultural. Silvina foi uma destacada escritora. Victória, que sonhava desde a infância em ser atriz, impedida pelos pais, se notabilizou como a grande mecenas das artes nacionais. Dirigiu brevemente o Teatro Colón, escreveu, publicou diversos ensaios e livros, participou de vários movimentos intelectuais e esteve envolvida com as vanguardas artísticas de seu tempo, especialmente na Argentina e na Europa. Sua vida transcorreu com um pé na tradição e outro na vanguarda (Idem). Sua preferência pela língua francesa e publicação de escritores estrangeiros fez com que fosse taxada de ser “estrangeirizante” ou “antiargentina” por setores nacionalistas ou de esquerda. Desafiou todos os limites impostos às mulheres naquele tempo. Foi co-fundadora e presidiu a União de Mulheres Argentinas (1936), lutando pelo direito ao voto e igualdade de direitos civis e políticos. Foi a primeira mulher a obter licença para dirigir automóveis em Buenos Aires. Jorge Luis Borges (1899-1986) disse que ela “se animou a viver como um indivíduo em um país e em uma época em que as mulheres eram genéricas” (BORGES, Jorge Luis, citado por MERCÉ, 2019).
Victoria foi casada (1912-1922) com o advogado Luis Bernardo “Mónaco” del Corazón de Jesús de Estrada Gondra (1881-1933). Legalmente separada, iniciou um romance com Julián Martínez, primo do ex-marido, marcado por encontros secretos. Para passarem mais tempo juntos, ela construiu uma casa de veraneio (1927), em Mar del Plata. Era uma casa modernista, projetada por ela própria e executada por um anônimo construtor. “De todas as artes visuais, a arquitetura era a preferida de Victoria Ocampo” (MERCÉ, op. cit.). A casa gerou duplo escândalo, pela linguagem arquitetônica racionalista, criticada pelos vizinhos, e pela inadmissibilidade de que uma mulher separada passasse o verão com seu amante na vista de todos. Um ano depois decidiu vender a casa para construir outra em Buenos Aires.
Na mesma Mar del Plata, Victoria Ocampo herdou de uma tia avó e madrinha, uma casa de veraneio conhecida como Villa Victória (1912). Era uma casa pré-fabricada – bungalow -, em madeira adquirida na Inglaterra da firma Boulton & Paul Ltda., que produzia residências para montar nas colônias britânicas (Idem). A casa também serviu para receber escritores e amigos. Atualmente pertence à UNESCO, por doação de Ocampo.
No ano de 1928, Victoria contou com a intermediação de sua amiga argentina María Adela de Atucha Lavallol (1887-1970), para que Le Corbusier elaborasse o projeto de uma casa, a ser construída à Rua Salguero, em Buenos Aires. Em 27 de agosto, de Bayona, por correspondência, María Adela encaminhou a demanda de Victoria Ocampo ao arquiteto, pedindo-lhe pressa, desejava que concluísse antes de 1º de outubro. Escreveu a Le Corbusier que Victoria conhecia o tipo de arquitetura que ele fazia, e encaminhou-lhe alguns esboços feitos por ela, no qual constavam informações para a elaboração do programa de necessidades e enumerava alguns desejos a serem satisfeitos. A única objeção aos postulados corbuserianos era de que no projeto se deveria “descartar a fenêtre en longueur porque não seria possível fabricá-la em Buenos Aires” (LIERNUR & PSCHEPIURCA, 2008, p. 67). Anexou também uma foto da casa que ela própria tinha construído em Mar del Plata, na qual empregou o tipo de janela que sugeria que ele viesse a usar. A resposta foi imediata, e, em 6 de setembro, María Adela agradeceu, recordando Le Corbusier da necessidade de apresentar seus honorários (Idem).
Le Corbusier enviou um dossier com as plantas dos quatro pisos e três croquis, dois dos interiores da casa e outro com uma vista desde o jardim, fazendo adaptações a partir do projeto para a Villa Meyer (1926). Propositadamente não enviou a fachada pois não aceitava a ideia de abandonar as janelas longilíneas. Nem sequer se preocupou em enviar seus honorários (GARDINETTI, 2021). O projeto concebido, não foi edificado por não contemplar as expectativas de Ocampo. Ela acabaria construindo outra, no mesmo ano, em Palermo Chico, projetada por Alejandro Bustillo, assunto que será desenvolvido adiante.
Nos dias em que Le Corbusier esteve em Buenos Aires, a AAA também recebeu o escritor norte-americano Waldo Frank (1889-1967) para uma série de palestras. Victoria assistiu-as. Trocaram desde então correspondências nas quais ele sugeriu que ela criasse uma revista para destacar o que tivesse de melhor na literatura e cultura, colocando a Argentina em conexão com o mundo. Victória, apoiada por um grupo de intelectuais, fundou em 1931, a revista literária Sur. Dois anos depois, nasceria a editora homônima, que traduziria e publicaria importantes obras produzidas na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. Desfilaram na revista e nas publicações da editora, personagens das mais diversas áreas e, em especial, os maiores nomes da literatura mundial. Walter Gropius (1883-1969) foi um dos ilustres colaboradores. Escreveu no nº 1 sobre o seu projeto do “Teatro total” (1927). O período áureo das publicações ocorreu entre 1935 e 1970. Na década de 1960, Victoria Ocampo foi se afastando dos principais debates intelectuais, políticos e sociais, o que refletiu na progressiva perda de relevância das publicações, já que ela era a alma da revista e editora. Em 1992, treze anos após a sua morte, com o nº 371, a revista encerrou suas atividades.
Os criadores de Sur combatiam o totalitarismo na Europa e o autoritarismo nacionalista na Argentina. Na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), ofereceram proteção aos refugiados e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), apoiaram os aliados. Eleito pelo voto em 1946, Juan Domingo Perón (1895-1974) via a revista como suspeita e Victoria como oposicionista. Durante o peronismo Ocampo foi prejudicada por uma lei de aluguéis que penalizava grandes rentistas como ela. Mais tarde, em 1953, foi presa por 26 dias, o que motivou um movimento internacional pela sua soltura. Seu amigo Albert Camus (1913-1960), liderou a campanha pela sua libertação. Em 1956, ela foi a Paris onde agradeceu a solidariedade dos intelectuais.
Victória mudou-se em definitivo, em 1941, para a Villa Ocampo, que até então permanecia como casa de veraneio. Nela continuou recebendo intelectuais de todo o mundo ou convidados por ela. Nesta derradeira fase de sua vida, presidiu o Fundo Nacional de Artes (1958-1973) e se tornou a primeira mulher a ser eleita para a Academia Argentina de Letras (1977). Atualmente a propriedade que pertence à UNESCO, doada pelas irmãs Ocampo, foi classificada como Monumento Histórico Nacional e nela funciona uma casa-museu. Victoria morreu no imóvel no dia 27 de janeiro de 1979.
A CASA MODERNISTA DA RUA RUFINO DE ELIZALDE VISITADA POR LE CORBUSIER
Ao vender a casa modernista de Mar del Plata e decidida a construir uma nova em Buenos Aires, Victoria, ao mesmo tempo que encarregou Le Corbusier do projeto para o terreno da Rua Salguero, em 25 de julho, solicitou outro para a Rua Rufino Elizalde a Alejandro Bustillo. Ocampo “não estava interessada em nenhum vanguardismo nem em nenhuma transparência ou exibicionismo, e foi por isto que abriu mão do projeto eloquentemente moderno que com suas piscinas suspensas, seus terraços jardim, sua indefinição entre interior e exterior, sua dissolução dos limites dos recintos, lhe propusera Le Corbusier” (LIERNUR, 2001, p. 162). Este autor lembra que não surpreendeu o fato de Victoria rejeitar o projeto de Le Corbusier. Mais estranho foi ter escolhido para projetar a casa não Alberto Prebisch mas Alejandro Bustillo, um arquiteto identificado com o classicismo tardio, que questionava o liberalismo estilístico e linguístico herdados do século XIX, postulando que o despojamento decorativo, a simplicidade geométrica, constituíam um primeiro passo para um renascimento da arte arquitetônica. Suas críticas ao modernismo apontavam para duas frentes principais: seu materialismo – visto como concepção ateísta, sem alma – e seu internacionalismo, por não expressar os matizes de raça ou a nacionalidade (LIERNUR & PSCHEPIURCA, op. cit., p. 68 e 70). “Alberto Prebisch e Victoria Ocampo eram líderes culturais da elite e como tais foram eles que deram o ‘tom’ que caracterizou nossa ‘arquitetura moderna’”(LIERNUR, op. cit., p. 162). Victoria, segundo Liernur & Pschepiurca, aderira ao classicismo de John Ruskin (1819-1900), no qual o essencial “espírito de verdade” que advertia no mundo clássico, aplicado ao mundo moderno era o que determinava suas escolhas estéticas (LIERNUR & PSCHEPIURCA, op. cit., p. 70-71).
Se com Le Corbusier, Victória teria que se submeter às suas ideias, com Bustillo, ocorreu o inverso. A relação de Victoria com Bustillo não era circunstancial, e se ela o preferia não era só pelo reconhecimento profissional. Não por casualidade ambos haviam integrado, em 1912, o grupo ‘Parera’ que se reunia, precisamente, no atelier do arquiteto-artista (Idem, p. 70). Assim, em 18 de setembro, enquanto Le Corbusier traçava os esboços para a casa da Rua Salguero, Bustillo concluía seu projeto para o terreno da rua Rufino de Elizalde, num bairro parque em formação, Palermo Chico. No coração de um setor da cidade composto de construções academicistas afrancesadas, seria implantada uma escandalosa edificação branca com uma articulação cubista de volumes, contrastando com o entorno (figura 1). A casa foi centro de polêmica no âmbito cultural e profissional de Buenos Aires. Considerada a primeira casa representante da modernidade na Argentina é uma obra singular dentro da produção arquitetônica de Bustillo. Claro, tinha muito de Ocampo: “Sua particular forma de modernismo se manifesta nos critérios com que organizava os ambientes em que vivia. Em seu intento por aplicar ao presente o que entendia por permanências da cultura clássica” (LIERNUR, 2008, p. 71).

Em planta a casa possui três pavimentos mais um terraço (chamado no projeto de açoteia). No térreo (figura 2) estão o acesso principal da casa e a área de serviço. Num primeiro plano encontra-se a garagem. Recuada, do lado direito de quem se aproxima da casa, está a entrada principal que dá acesso ao hall. Quem adentra o hall, logo é atraído visualmente para a escada social, que leva ao segundo piso. Na frente da escada está o elevador. Para acessar a área de serviços há duas entradas. No hall, à esquerda, encontra-se o vestiário que dá acesso ao corredor que atende o setor das dependências de empregados – composto de três quartos e um banheiro. No mesmo hall de entrada, seguindo em frente, adentra-se em um corredor que conecta o setor da dependência de empregados antes citado, com a cozinha, com outra dependência de serviço – composta de um só quarto – e com a escada de serviço que atende aos demais pavimentos. Na fachada lateral, voltada para a praça há um acesso direto do exterior para a cozinha. Ligada a cozinha há também uma despensa.

No segundo piso (figura 3), pela escada social chega-se a um novo hall. À esquerda, fica a biblioteca, no lado direito a sala de jantar (comedor) e em frente, isto é, ao centro, voltada para a fachada principal, fica a sala de estar (living room), por onde se acessa a ampla sacada (denominada de terraço na planta), situada sobre a garagem. A sala tem conexões diretas com as peças vizinhas citadas. Da cozinha no térreo, através da escada de serviço e de um corredor que vai dar no hall deste piso, se dá o atendimento de toda a área social, em especial do estar e jantar. Na sala de jantar há uma sacada (também chamada de terraço) menor, voltada para a praça e uma peça de apoio ao fundo.

O acesso ao terceiro piso (figura 4) se dá através de elevador, que chega ao hall onde encontram-se o dormitório maior, fronteiro, e outro menor, voltado para a fachada lateral da casa, ambos com banheiros privativos. Do hall e do dormitório lateral, acessa-se uma sacada – terraço. Neste hall há uma porta que conecta a um corredor que leva a outros dois quartos. Entre eles há um banheiro. Nesta outra lateral, voltada para a praça, encontra-se uma sacada atendendo os quartos. Seguindo o corredor, ao fundo chega-se na escada de serviço. É pela escada de serviço que se chega ao terraço (açoteia, figura 5). Nele estão o reservatório e a casa de máquinas do elevador, além do terraço, acessado por uma parte coberta denominada de pórtico.


A fachada da casa é sóbria, de linhas puras, desprovida de todo tipo de ornamento (figura 6). Só o despojamento absoluto de todas as vestiduras permitia mostrar a alma, o núcleo de valores que diferenciava o nobre do bastardo (LIERNUR, op. cit., p. 162). Suas fenestrações, ao invés de seguir alguma composição externa, correspondem aos compartimentos internos. São maiores nos pavimentos superiores acompanhadas de sacadas que dão movimento ao conjunto. É no segundo piso que se produz a sensação de continuidade entre interior e exterior, devido ao uso de grandes aberturas que dão para as sacadas, explorando a luminosidade e oferecendo melhor percepção das áreas verdes existentes no entorno.

Os ambientes da casa, assim como as aberturas e chaminés são distribuídos respeitando os eixos de simetria e as ordens compositivas clássicas (www.modernabuenosaires.org, acessado em 27 de dezembro de 2022). Enquanto sua inovadora volumetria expressa uma postura de vanguarda na produção arquitetônica da época, suas plantas ainda não conseguem incorporar ideias inovadoras na resolução espacial e funcional. Os espaços interiores conservam o estilo academicista de Bustillo, demasiado segmentados para ser considerados especificamente modernos. O arquiteto descarta a planta livre, deixando de lado as duplas alturas e o uso de janelas longilíneas, soluções previstas no projeto não aprovado de Le Corbusier (Idem). A obra foi feita aceleradamente pois em abril de 1929, era assinado o contrato para realizar os trabalhos finais. Victoria Ocampo utilizou a casa entre 1929 e 1941, transferindo-se depois para San Isidro.
“Com seu relativo ‘sacrifício’ – que não pode suportar, mudando-se pouco tempo depois para a Villa Ocampo – Victoria teve um importante papel, porque demonstrou à sociedade que o despojamento, que em sua ‘ingenuidade’ a maioria lia como pobreza, constituía na realidade um signo de Valor: se podia ser moderno sendo tradicional, porém sobretudo, se podia ser rico na mais absoluta pobreza” (Idem).
Victoria Ocampo vendeu a propriedade para Josefina Díaz Vélez de Madariaga, prima de sua amiga Matilde Díaz Vélez (1899-1986), que realizou algumas reformas internas. No ano de 1986 a casa foi adquirida pelo publicitário Alberto Francisco “Nono” Pugliese (1943-1993) e pela sua esposa, a modelo Claudia Sánchez (1942), que devolveram à casa suas feições originais. Em 2003, a magnata do cimento, Amalia Lacroze de Fortabat (1921-2012), comprou a casa para que fizesse parte do Fundo Nacional das Artes, organismo que presidia desde 1992. Dois anos depois, o imóvel foi aberto ao público como Casa da Cultura da instituição. Em 2016, uma equipe de especialistas na preservação do patrimônio iniciou um projeto e uma obra de restauração e valorização para voltar as características originais. O atual projeto incorpora aos usos culturais públicos a função de residência para artistas e escritores, buscando resgatar a tradição de hospitalidade cultural ali inaugurada por Victoria Ocampo. A casa tem um valor que “supera o histórico e biográfico. Muito mais que um ‘sitio de memória’, o lugar é um acabado e quase único testemunho de uma personagem de trajetória privilegiada, que encarnou e traduziu no entorno físico que o rodeava a vital evolução na cultura do século XX”, destacou o Governo. Com base nesta argumentação, pelo decreto 380/2022, a casa foi declarada Monumento Histórico Nacional pelo presidente Alberto Fernández (1959) (www.ambito.com, acessado em 27 de dezembro de 2022).
BIBLIOGRAFIA:
BROWNE, Enrique. Otra arquitectura en América Latina. Cidade do México: Gustavo Gili, 1988.
GARDINETTI, Marcelo. Le Corbusier, Villa Ocampo. Buenos Aires: Tecnne, 19-02-2021. Site: https://tecnne.com/arquitectura/le-corbusier-villa-ocampo/
GONZÁLEZ, Nery. Le Corbusier en Montevideo. In: GUTIÉRREZ, Ramón et alii. Le Corbusier en el Río de La Plata, 1929. Buenos Aires: CEDODAL; Montevidéu: Facultad de Arquitectura – UDELAR, 2009, p. 19.
La casa de Victoria Ocampo en Palermo fue declarada Monumento Histórico Nacional. Buenos Aires: Ámbito, 8 Julio 2022. Sítio: https://www.ambito.com/espetaculos/palermo/la-casa-de-victoria-ocampo-fue-declarada-monumento-historico-ncional-n5481593. Consultado em 27 dezembro 2022.
LIERNUR, Jorge Francisco & PSCHEPIURCA, Pablo. La Red Austral: Obras y proyectos de Le Corbusier y sus discípulos en la Argentina (1924-1965). Bernal: Universidad Nacional de Quilmes; Buenos Aires: Prometeo Libros, 1ª ed., 2008.
MEO LAOS, Verónica. Vanguardia y renovación estética, Asociación Amigos del Arte (1924-1942). Buenos Aires, 2007.
MERCÉ, Cayetana. Las Casas de Victoria Ocampo: el legado vigente de la escritora que vivió entre la tradición y la vanguardia. Jornal El Clarín / Caderno ARQ, 26 Janeiro de 2019. Site: https://www.clarin.com/arq/casas-victoria-ocampo-vigente-escritora-vivio-tradicion-vanguardia_0_SUrHlCFpb.html. Consultado em 27 de dezembro de 2022.
Moderna Buenos Aires: Casa de Victoria Ocampo (1928). Buenos Aires: Consejo Profesional de arquitectura y urbanismo – CPAU. Sítio: Https://www.modernabuenosaires.org/obras/20s-a-70s/casa-de-victoria-ocampo. Consultado em 27 de dezembro de 2022.
TEDESCO, Alexandra Dias Ferraz. “Tuve la mala suerte de comer en el Ritz”: A autobiografía de Victoria Ocampo e a composição do habitus de elite em Buenos Aires em princípios do século XX. In: Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 34, n. 2, Maio-Agosto 2022.
FIGURAS:
Figura 1 – Casa Victoria Ocampo (1928-1929), Calle Rufino de Elizalde, Palermo Chico, Buenos Aires-Argentina; Arquiteto Alejandro Bustillo. Fonte: Nuestra Arquitectura, ano 1, nº 3, out. 1929.
Figura 2 – Casa Victoria Ocampo (1928-1929), planta do piso térreo. Fonte: Nuestra Arquitectura, ano 1, nº 3, out. 1929.
Figura 3 – Casa Victoria Ocampo (1928-1929), planta do primeiro piso. Fonte: Nuestra Arquitectura, ano 1, nº 3, out. 1929.
Figura 4 – Casa Victoria Ocampo (1928-1929), planta do segundo piso. Fonte: Nuestra Arquitectura, ano 1, nº 3, out. 1929
Figura 5 – Casa Victoria Ocampo (1928-1929), planta do terraço. Fonte: Nuestra Arquitectura, ano 1, nº 3, out. 1929