“Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias da caça continuarão a glorificar o caçador.” – Provérbio africano
Este provérbio reflete a importância da narrativa do ponto de vista dos oprimidos e destaca a importância de nós, afrodescendentes, contarmos e escrevermos nossa própria história e visão do mundo.
Hoje temos centenas de escritores e historiadores, negros e negras, que contam nossas histórias, através da poesia, do romance, da ficção, possibilitando um melhor entendimento do mundo em que vivemos. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que, para encontrarmos livros de escritores negros e brasileiros, tínhamos que garimpar.
Por isso, quanto mais cedo introduzirmos a leitura de autoras e autores negros na vida de nossas crianças, mais possibilidades elas terão de entender e descobrir suas origens, o que com certeza lhes dará uma maior autoestima e respeito por sua ancestralidade.
Ler, refletir, debater, abrir nossas mentes às diversas possibilidades, com certeza facilita nossa caminhada pela vida.
A 70ª Feira do Livro de Porto Alegre se inicia na próxima sexta-feira, 1º de novembro. É uma das maiores feiras literárias da América do Sul.
Em 2020, teve o primeiro negro como patrono da feira, o “cariúcho” prof. e escritor Jeferson Tenório. Um avanço importante para a Comunidade Negra.
Na Feira desse ano, teremos uma curadoria dedicada à literatura e cultura negra coordenada pela nossa querida escritora Lilian Rocha. As presenças do poeta Cuti e de Lilia Guerra estão confirmadas, entre outros escritoras/escritores negros. Imperdível!
Levarmos nossa família, amigos e grupos para prestigiarmos essas iniciativas é muito importante para a efetivação de uma educação antirracista e, por consequência, uma sociedade mais democrática e equânime.
Sugerir livros para aquisição/leitura na 70ª Feira do Livro de Porto Alegre/2024 não é tarefa fácil. Vou listar alguns que não podem deixar de estar em nossas estantes. E como mulher negra e militante, vou “puxar a brasa” pro meu lado, sugerindo leituras de pessoas autoras brasileiras que entendo como essenciais na construção de repertório para o Letramento Racial:
- “TORNAR-SE NEGRO” – Neusa Santos Souza
- “UM DEFEITO DE COR” – Ana Maria Gonçalves
- “RACISMO BRASILEIRO” – Ynaê Lopes dos Santos
- “O PACTO DA BRANQUITUDE” – Cida Bento
- “TUDO SOBRE O AMOR” – Bell Hooks
- “OLHOS D’ÁGUA” – Conceição Evaristo
- “ÚRSULA” – Maria Firmina dos Reis
- “OLIVEIRA SILVEIRA: OBRA REUNIDA” – Ronald Augusto
- “O AVESSO DA PELE” – Jeferson Tenório
- “NEGROS EM CONTOS” – Cuti
- “TORTO ARADO” – Itamar Vieira
- “PERIFOBIA” – Lilia Guerra
- “KUTABÚ” – Nei Lopes
- “O CANTO DOS ESCRAVOS” – Paulina Chiziane
Aproveito, também, para valorizar as obras de mulheres do Sul:
- “PEQUENOS GRANDES LÁBIOS NEGROS” – Ana dos Santos
- “MENINA DE TRANÇAS” – Lilian Rocha
- “MEL E DENDÊ” – Fátima Farias
- “TRAVESSIAS DE AMANAÔ – Ana Dos Santos, Carmen Lima, Fátima Farias, Delma Gonçalves, Lilian Rocha e Taiasmin Ohnmacht
Boa leitura!
Maria Cristina F. Santos é graduada em Biologia pela PUCRS; promotora em Saúde da População Negra; diretora na Odabá - Associação de Afroempreendedorismo; vice-presidenta do Coletivo Frente Negra Gaúcha (FNG); integrante do Conselho Estratégico da Universidade La Salle; Conselheira da Associação.
Foto da Capa: Freepik
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